Em
plena época de férias, o Policiário desafia a preguiça e propõe mais um
desafio, a doer, o mesmo é dizer, a contar para as competições desta época.
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
PROVA
N.º 7 – PARTE II
“O
ENIGMA DA MORTE DO CONSTRUTOR”, Original de ZÉ DA VILA
O
mundo é vasto e repleto de mistério. A vida humana, cuja força e eficácia têm a
capacidade de construir pontes douradas entre objectivos e destrui-las com a
mesma eficácia, é, entretanto, incapaz de absorver aquela imensidão. O enigma
que envolveu a morte de Aguiar (nome fictício) é um caso ao acaso. Formado em
arquitectura e gestão, oficial do exército com duas missões fora do país; entre
uma e outra um aparente inflamado casamento. No regresso da segunda esperavam-no
os braços de Olga: uma segunda lua-de-mel perfeita, ou melhor, parecia
perfeita… Aguiar transformou-se; começou por longas ausências e silêncios, aos
quais Olga respondeu com apatia, porventura falta de confiança em si própria…
Deixou o exército e ligou-se à construção civil. Encontrado um lote de terreno
ajustado a projecto próprio, certo de que a fortuna pertence aos homens
dispostos a arriscar, arriscou e ganhou. Repetiu e ganhou. Olga era vaga
lembrança de um divórcio, arrastando-se pelos Tribunais. Lançou-se, enfim, em
grande. Um complexo, bairro de luxo privado, com cinquenta moradias dispostas
em “U”, no centro do qual abundavam jardins floridos, piscinas, campos de
jogos, garagens integradas nas traseiras e parques de estacionamento numa grande
área vedada, com um único portão de acesso controlado, permanentemente por dois
vigilantes. Na primeira vivenda à entrada, instalara um escritório de direcção
e vendas. Uma advogada, Clara Vargas, servia-lhe de secretária, conselheira
jurídica e amante… O dinheiro entrava nos Bancos em ritmo de êxito. Tinha,
entretanto, cerca de vinte moradias por vender, financiamentos, dívidas a
empreiteiros e fornecedores diversos quando a crise chegou… Dispensou
jardineiros, vigilantes e obras menores, insistindo junto dos Bancos. Agora
quando se apresentava aos balcões, os olhares dos gerentes desviavam-se.
Desaparecera o tapete vermelho que antes lhe era estendido! A única coisa
notável que conseguiu fazer limitara-se a um seguro de vida de 300 mil euros, a
favor de Clara… Uma tarde foi encontrado morto no escritório. Dois guardas da
GNR, que procediam a uma notificação, haviam notado o carro, ainda quente, nas
traseiras. O dono não estava à vista nem respondia. Uma leve pressão na porta
pôs à vista a tragédia. Compareceram a Judiciária e o legista. Segundo este, a
morte resultara de dois tiros: um no ouvido direito, o outro, mais cima, que
fizera espalhar um bocado do cérebro. Disparos à queima-roupa, facto
testemunhado pelos resquícios de pólvora no rosto. Chamou a atenção para os
dedos, indicador e superior da mão direita, envolvidos numa grossa camada de
adesivos, explicados por uma caixa de lâminas caídas no lavatório da casa de
banho, com vestígios de sangue e a máquina de barbear, antiga, aberta… Não
chegara a barbear-se. Havia vestígios de pólvora em ambas as mãos, facto não
representativo, pois a vítima, apurou-se, era um apreciador de armas, que
disparava com as duas mãos, ao estilo policial. Assinalado o local das cápsulas
caídas (uma terceira foi encontrada debaixo do corpo, o que inferia que a
vítima estaria de pé quando atingida e houvera um terceiro disparo que
alcançara o tecto) e da automática, bem acondicionadas para remessa ao
laboratório, recolheram outros indícios, tais como rastos dos veículos junto à
moradia e uma pegada de um sapato feminino no degrau do escritório.
Olga
e Clara são interrogadas. Ambas negam qualquer envolvimento na morte do
construtor, se bem que reconheçam a presença (a pegada é de Clara) junto da
moradia, na manhã fatídica. Olga, numa tentativa tardia de acordo, a advogada
por razões profissionais. Nenhuma chegou a ver Aguiar e nunca viram a arma,
afirmam. Esta, testada no laboratório, era uma Beretta M84, calibre 7,65 (arma
proibida) para 13 munições, com adaptação de cremalheira 93 R. Disparara as 3
cápsulas, contendo o carregador, 10 intactas. Nenhuma delas tem impressões
digitais, se bem que a arma, exteriormente as tivesse, da vítima…
Desta
forma, continuam de pé todas as hipóteses, pelo que recorremos aos nossos
leitores, solucionistas-investigadores, que acompanharam a par e passo a
investigação narrada…
A- Houve acidente;
B- Tratou-se de suicídio;
C- Olga matou o marido;
D- Foi Clara quem matou o construtor.
E
pronto.
Agora
resta aos nossos “detectives” debruçarem-se sobre este intrincado caso do nosso
confrade Zé da Vila e, impreterivelmente até ao próximo dia 20 de Setembro, indicarem
qual a alínea escolhida, usando um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para
PÚBLICO-Policiário, Rua Viriato, 13, 1069-315 LISBOA;
-
Por e-mail para policiario@publico.pt;
-
Por entrega em mão na redacção do PÚBLICO de Lisboa;
-
Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.
Boas
deduções e, se for o caso, boas férias!
4 comentários:
Um problema do mestre Constantino é para desfrutar as férias.
Obrigado.
Deco
Estou de acordo com o Deco, mas este problema mete armas e onde estou tenho uma net muito limitada e bibliotecas nem vê-las. Vamos ver se consigo chegar lá.
I. Alegria
Um problema bem típico do mestre M Constantino, com uma história bem contada e muita busca.
Deco
Eu não comento aqui qualquer pr de Portugaloblema, seja ele do mestre ou de qualquer outro produtor.
Quando tenho algum comentário a fazer faço-o na minha própria solução.
Mas há uma coisa queme deixa curioso: Quando sairão os resultados das provas até agora disputadas e os confrontos da Taça de Portugal.
Já estamos na 7ª prova e até agora apenas sairam os resultados das duas primeiras.
Não é só com louvores que o policiário se desenvolve, é também com critícas
Um abraço do
Rip Kirby
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