A HOMENAGEM A
MANUEL BOTAS CONSTANTINO
Decorreu de forma excelente o Convívio
Policiário de Almeirim, uma iniciativa da Tertúlia Policiária da Liberdade
(TPL), que desta vez resolveu prestar uma justa homenagem ao confrade e “mestre”
Manuel Botas Constantino, a propósito da passagem do seu 90.º aniversário e
mais de 70 de policiarismo.
O evento, que reuniu dezenas de
familiares, admiradores da obra policiária e amigos, constituiu mais uma prova,
se necessária fosse, de que a uma vida imensamente cheia, com muito empenho
posto em cada tarefa desempenhada, em cada estádio da sua vida profissional,
sempre exigente e de elevada responsabilidade, corresponde o reconhecimento de
todos aqueles que com ele percorreram caminhos comuns.
O momento foi especial para o responsável
por este espaço, que conheceu Manuel Constantino de uma outra forma, por o seu
pai, já falecido, ser seu colega de trabalho no Tribunal Fiscal e, como agora
mesmo foi reconhecido pelo homenageado, desenvolverem uma amizade sem qualquer
mácula ou atrito, como duas pessoas que, para além de colegas de trabalho, eram
essencialmente pessoas cultas!
Foi, para nós, profundamente emotivo o
momento em que recebemos das mãos do mestre o troféu atribuído ao vencedor do
concurso de contos que tinha o seu nome. Ali, naquele momento, ao lado de
Manuel Constantino estava, certamente, mais alguém, partilhando o momento.
A TPL viu assim a jornada de
confraternização e amizade:
XI Convívio da
Tertúlia Policiária da Liberdade, em Almeirim
Memória do
Convívio
Decorreu
com grande alegria o Convívio da Tertúlia Policiária da Liberdade realizado em
Almeirim, no passado domingo, 17 de Maio. Os participantes começaram a concentrar-se
às onze e meia para, depois, se juntarem num agradável almoço, no qual as
honras da mesa iam para Manuel Constantino, o homenageado deste encontro, que
acabara de fazer noventa anos e já vai com setenta de dedicação ao
policiarismo.
Acabada
a refeição, a TPL deu a conhecer o Júri do Concurso de Contos Manuel
Constantino, constituído por Domingos Cabral, Cloriano de Carvalho e Joel Lima.
Este último, como presidente do Júri, leu a acta e divulgou o nome dos
trabalhos e autores galardoados. Receberam Menções Honrosas os contos “A
Primeira Vez”, de Detective Jeremias, “Jantar de Família”, de Rigor Mortis, e
“Que Tremenda Mariscada”, de Jartur, tendo sido declarado o conto “2”, da
autoria de Luís Pessoa, como o grande vencedor do Concurso.
Luís Pessoa com Rui Mendes (um dos Búfalos Associados), em representação da TPL e o Presidente do Júri do Concurso de Contos, Joel Lima |
Ainda
decorriam os joviais cumprimentos aos premiados, quando Domingos Cabral iniciou
um breve discurso de homenagem a Manuel Constantino, que emocionou os presentes
bem como o homenageado. Ao mestre foi entregue pela TPL uma placa comemorativa
e uma lembrança.
Manuel Constantino
não quis deixar de agradecer as palavras que lhe foram dirigidas, fazendo-o da
maneira sábia que lhe é reconhecida e que também está patente nas duas últimas
obras que preparou, apresentadas precisamente neste Convívio.
Os dois novos livros
de Manuel Constantino são “Um Cofre Escancarado”, constituído essencialmente
por memórias, e “150 Anos de Mistérios e Crimes Impossíveis na Ficção
Policiária” que nos remete para o aliciante tema dos crimes de “quarto
fechado”.
PALAVRAS
EMOCIONADAS DE MANUEL CONSTANTINO
AOS PRESENTES
Manuel Constantino e LS, no Convívio |
Estimadas amigas e estimados amigos, bem-vindos
à urbe que me viu nascer e crescer.
Fundada por um rei de boa memória, foi
palco de relevantes decisões políticas para a elevação de uma pequena nação que
se projectava no mundo.
Aqui se instalaram, muito tempo, os reis
da 2.ª dinastia, que fizeram da vila a famosa “Sintra de Inverno”, em plena
Rota dos Descobrimentos e domínio dos mares.
Cenário de lutas empolgantes pela
independência da nação portuguesa, a “Vila Real de Almeirim” de então, é hoje
uma cidade de vastos recursos naturais e humanos, em plena lezíria e coração do
Ribatejo.
Obrigado por terem vindo.
Sois uma Família que junto à do meu
sangue, aqui representada pela minha filha Marília e neta Teresa.
Já afirmei em tempos, que uma homenagem
não se pede, nem se recusa: agradece-se…
Não serei mal-agradecido, no entanto
sempre vos digo, sou tão digno desta homenagem como a maioria dos presentes.
Todos lutamos por ficar entre os melhores, por vezes conseguimo-lo. Essas
pequenas vitórias não nos tornam o melhor, certamente. Fazer parte do grupo dos
melhores, é bastante!
De resto, o troféu maior, o apetecido,
está nas amizades conquistadas: Essas sim, engrandecem-nos, sois o exemplo.
Cumpre-me, porque o sinto, agradecer aos
oradores precedentes e aos que sobre mim escreveram. É a prova provada da
simpatia aludida.
Saliento, sem ofuscamento dos restantes, o
nome de Luís Pessoa, como um homem e uma obra salientes: é precisa muita
coragem, muito amor à arte policiária, para dirigir e manter uma secção semanal
num jornal como o PÚBLICO, há mais de 22 anos!
Nessa secção de têm conquistado novos adeptos e reunido os veteranos.
Louvo, igualmente, a Tertúlia Policiária
da Liberdade: um grupo de Amigos que em cada convívio – e já conheço XI –
conquista amigos.
Que bela prenda de anos é a vossa presença.
Mas, se ser velho dá lugar ao pódio, aceito-o, mas, Amigos, ser velho é um
triunfo triste, acreditem.
Sobre os livros publicados, honra-me o
empenho da apresentadora, a Detective Jeremias, a quem agradeço: o livro “Um
Cofre Escancarado”, não chega a ser uma biografia, foi escrito ao correr da
pena, em pouco mais de um mês.
No ensaio sobre o crime impossível, “150
Anos de Mistérios de Crimes Impossíveis na Ficção Policiária”, tive de lhe
retirar a parte antológica, a mais saborosa, para evitar os direitos de autor.
Não vou alongar-me, corro o risco de a
emoção estragar a oração.
Curvo-me perante vós, com um abraço de
infinita gratidão!
Manuel Botas Constantino, Almeirim, 17 de
Maio de 2015.