(Diário
Popular # 5166 – 23.02.1957)
«Parece que o velho andou a
lutar», observou o inspector Kelley, ao contemplar o corpo de Clarence Bender,
de 72 anos de idade, que jazia morto num leito enorme e de estilo antiquado.
Tinha sido apunhalado com um estilete de partir gelo.
«Estes óculos
devem ser do assassino», continuou Kelley, apanhando do chão, um par de óculos
de aros de tartaruga quase completamente esmagados. «Porque há outro par em
cima da cómoda», disse ainda.
O professor
Fordney fez um sinal de assentimento com a cabeça. Saíram do quarto.
Bradford Bender,
um dos quatro irmãos solteirões que viviam juntos, explicou, em estado de
grande excitação: «Roubaram o meu par de óculos sobresselente!».
«E que é que
isso tem?», interrogou, com dureza, o inspector Kelley. «De quantos pares
precisa o senhor?».
O inspector
Kelley tivera uma inspiração súbita e comunicou-a ao professor Fordney: «Aquele
que quebrou os óculos no quarto de Clarence é o assassino… Sabemos que os
quatro irmãos usam óculos de aros idênticos. Ora bem, um velho sem óculos não é
capaz de escrever duas linhas a direito. Por isso…
Kelley entregou
umas folhas de papel pautado a Russel, Leslie e Bradford, os quais usavam todos
óculos de aros idênticos. Disse-lhes para escreverem esta frase: «Não matei
Clarence, mas foi um de nós quem o matou».
Quando Bradford
deixou cair os óculos, que imediatamente se quebraram, Kelley explodiu,
ordenando de novo, ao velho: «Escreva!».
Embora
queixando-se de que não podia ver sem os óculos, Bradford obedeceu.
A sua caligrafia
e a de Russell, miudinhas e vacilantes, eram irregulares e saíam fora das
linhas. A caligrafia ainda vigorosa de Leslie era direita e legível.
Com que então
roubaram-lhe os óculos sobresselentes, Bradford?», perguntou Kelley, com ar de
poucos amigos.
O inspector,
enraivecido, sentia-se logrado, mas o professor tinha agora a certeza absoluta
de quem era o assassino.
De
quem suspeitou Fordney e porquê?
(Divulgaremos amanhã, a
solução oficial deste caso)
* *
* * *
Solução do problema # 147
(Diário Popular # 5159 – 16.02.1957)
John Ardmore disse que o seu
sobrinho saíra para o lago logo depois do almoço. O cofre não fora roubado
antes do almoço, mas quando Fordney perguntou a Ted onde se encontrava à hora
de o cofre ter sido roubado, ele respondeu que se achava a cinco milhas de
distância, a pescar. Se estivesse inocente, Ted não podia saber «quando» o
cofre tinha sido roubado. Foi por isso que Fordney suspeitou dele.
Jarturice-148
(Divulgada em 29.Maio.2015)
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt
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