terça-feira, 12 de maio de 2015

JARTURICE 131



                   PROBLEMAS POLICIAIS – 134 - # 131
                        (Diário Popular # 5050 – 27.10.1956)
        
Claudine Mazon, a popular e encantadora artista de teatro, parecia dormir, enterrada num dos maples da sua confortável casa. Só um pequeno buraco na testa e uma leve mancha de sangue mostravam que qualquer coisa de anormal havia se tinha passado. Estava morta. Tinha-se suicidado, segundo todas as probabilidades, na véspera, à noite.
            Próximo do seu braço direito, pendente do maple, estava o revolver em que o adjunto do inspector Fauvel pegou com todas as precauções.
            «Este não nos dirá grande coisa» - disse ele ao seu chefe que, de pé, no meio da casa, examinava tudo em silêncio. «Não tem impressões digitais. Também com aquelas mãozinhas…».
            «Chame a criada, a Marie» - ordenou-lhe Fauvel que não tirava os olhos da fotografia dum rapaz ainda novo, em cima da mesa e junto da qual estava um bilhete em que podia ler-se:

«Querido Jean:
Perdoa-me, mas eu só faço loucuras. Vendi tudo para tentar pagar as minhas dívidas. Mas não chegou e os credores ameaçam levar-me aos tribunais. Prefiro isto.                                 Claudine»

            «É muito estranho que raparigas deste género se matem só por terem dívidas» - murmurou o adjunto do inspector, saindo da sala para ir chamar a criada.
            Alguns minutos depois, Marie apareceu, muito nervosa.
            «Quem é este Jean?» - perguntou-lhe Fauvel.
            «É o novo galã da companhia».
            «Por que não lhe mandou este bilhete?»
            «Nem pensei nisso quando vi a senhora morta…»
            «Foi você que descobriu o corpo?»
            «Sim, quando vinha trazer-lhe o pequeno almoço… Como fazia todas as manhãs…»
            «Esse Jean não esteve cá em casa ontem, à noite?»
            «Esteve. Vinha frequentemente. Ele mora no andar de baixo. Passava aqui uma ou duas horas a conversar com ela. Deve ter-se ido embora quando eu já estava deitada».
            O inspector não precisou de falar. O seu adjunto tinha ido ao andar de baixo e aparecia daí a bocado com Jean.
            O actor parecia não compreender o que se passara. Depois, subitamente, precipitou-se para o cadáver, visivelmente desesperado.
            «Claudine! Claaudine! – gritou ele. – Por que fizeste isto?»
            «Eu no seu lugar, diria: «Por que fiz eu isto?» - disse-lhe Fauvel. – Até que você explique tudo, considere-se preso…»

         Por que resolveu o inspector acusá-lo?

  (Divulgaremos amanhã, a solução oficial deste caso)


*     *     *     *     *








Solução do problema # 130
(Diário Popular # 5043 – 20.10.1956)

A ausência de provas neste caso era, precisamente, uma prova… Farioli não teria qualquer motivo (se não o de esconder um crime) para limpar com tanto cuidado todos os objectos de que se servira.

                                                                                    
Jarturice-131 (Divulgada em 12.Maio.2015)





APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt


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