PROBLEMAS POLICIAIS – 129 - # 126
(Diário Popular #
5016 – 22.09.1956)
- Peço-lhe o
favor de não deixar fazer muito ruído à volta deste triste caso. – disse
Cristiane Vernou, a directora do hotel Monterey, ao inspector Fauvel.
- Farei o
possível, mas…
Não concluiu o
que ia a dizer. Havia penetrado no quarto n.º 121 e observava tudo
minuciosamente. Partindo da esquerda para a direita, foi vendo sucessivamente
uma mala de fechos metálicos, outra com vestidos em cabides e mais duas… Mais à
direita, notava-se a presença de gotas de sangue ainda fresco na porta da casa
de banho, que estava fechada. Na cama, estavam um saco de viagem vazio e
algumas roupas de mulher, em
desordem. Numa mesa pequena, um pouco mais à direita ainda, viam-se
os restos de um jantar e uma garrafa de «champagne» vazia.
Fauvel penetrou
depois na casa de banho onde foi encontrar, inteiramente vestida para sair, mas
sem chapéu, a encantadora «vedeta» Carole Simon. Estava caída no solo; uma bala
de revólver havia-lhe atravessado a cabeça. Tinha uma arma automática na mão
direita. A um canto da casa de banho, no chão, via-se a bala que lhe
atravessara o cérebro.
- Está morta há
apenas uma hora, pouco mais ou menos. – afirmou o médico que acorrera ao hotel.
A bala foi dirigida para o meio da testa, mas passou um pouco ao lado. A vítima
perdeu os sentidos, mas não morreu logo…
- Há dias que os
seus modos eram bastante estranhos. – explicou a directora do hotel. Dava
escândalo frequentemente. Mas não sei porque se teria suicidado. Peço-lhe,
novamente inspector, o favor de abafar este caso…
Pensativo,
Fauvel aproximou-se da mesa e pegou na garrafa de «champagne».
- Gostaria muito
de lhe ser agradável… Mas não se trata de um suicídio. Houve um crime!
Como
chegou o inspector a esta conclusão?
(Divulgaremos amanhã, a solução
oficial deste caso)
* * *
* *
Solução do problema
# 125
(Diário
Popular # 5009 – 15.09.1956)
Se o assassino tivesse
entrado pela janela, a hera estaria destruída praticamente até ao chão. Ora a
verdade é que ela só começava a estar danificada a partir da altura de um metro
e meio. Isto indicava que o criminoso havia saído pela janela, escorregara pela
hera e saltara para o relvado, a partir do momento em que julgou poder fazê-lo
sem perigo. A verdade é que é impossível a um homem, mesmo que seja um
magnífico atleta, escalar a fachada de um prédio, embora com a ajuda da hera,
partindo da altura de um metro e meio do solo.
Jarturice-126
(Divulgada em 07.Maio.2015)
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt
1 comentário:
Este sítio de investigação judiciária está cada vez melhor. Parabéns ao Luís Pessoa e ao Jartur.
As "Jarturices" constituem uma ideia brilhante, fruto que são de um trabalho sério e laborioso de pesquisa em jornais e arquivos.
Embora eu não esteja envolvido no meio das "cinzentas policiárias", não deixo de apreciar os livros de mistério e crime, para além de ter colaborado como desenhador esporádico no saudoso Mundo de Aventuras, em concomitância com o espaço do "Sete de Espadas" nessa revista e de ter publicado um único romance policial (que não obteve muito êxito).
Saudações e agradecimentos
Santos Costa
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