quinta-feira, 7 de maio de 2015

JARTURICE 126



                          PROBLEMAS POLICIAIS – 129 - # 126
                                                                                                                                                                         (Diário Popular # 5016 – 22.09.1956)

- Peço-lhe o favor de não deixar fazer muito ruído à volta deste triste caso. – disse Cristiane Vernou, a directora do hotel Monterey, ao inspector Fauvel.
- Farei o possível, mas…
Não concluiu o que ia a dizer. Havia penetrado no quarto n.º 121 e observava tudo minuciosamente. Partindo da esquerda para a direita, foi vendo sucessivamente uma mala de fechos metálicos, outra com vestidos em cabides e mais duas… Mais à direita, notava-se a presença de gotas de sangue ainda fresco na porta da casa de banho, que estava fechada. Na cama, estavam um saco de viagem vazio e algumas roupas de mulher, em desordem. Numa mesa pequena, um pouco mais à direita ainda, viam-se os restos de um jantar e uma garrafa de «champagne» vazia.
Fauvel penetrou depois na casa de banho onde foi encontrar, inteiramente vestida para sair, mas sem chapéu, a encantadora «vedeta» Carole Simon. Estava caída no solo; uma bala de revólver havia-lhe atravessado a cabeça. Tinha uma arma automática na mão direita. A um canto da casa de banho, no chão, via-se a bala que lhe atravessara o cérebro.
- Está morta há apenas uma hora, pouco mais ou menos. – afirmou o médico que acorrera ao hotel. A bala foi dirigida para o meio da testa, mas passou um pouco ao lado. A vítima perdeu os sentidos, mas não morreu logo…
- Há dias que os seus modos eram bastante estranhos. – explicou a directora do hotel. Dava escândalo frequentemente. Mas não sei porque se teria suicidado. Peço-lhe, novamente inspector, o favor de abafar este caso…
Pensativo, Fauvel aproximou-se da mesa e pegou na garrafa de «champagne».
- Gostaria muito de lhe ser agradável… Mas não se trata de um suicídio. Houve um crime!

Como chegou o inspector a esta conclusão?     

     (Divulgaremos amanhã, a solução oficial deste caso)

*     *     *     *     *








Solução do problema # 125
(Diário Popular # 5009 – 15.09.1956)

Se o assassino tivesse entrado pela janela, a hera estaria destruída praticamente até ao chão. Ora a verdade é que ela só começava a estar danificada a partir da altura de um metro e meio. Isto indicava que o criminoso havia saído pela janela, escorregara pela hera e saltara para o relvado, a partir do momento em que julgou poder fazê-lo sem perigo. A verdade é que é impossível a um homem, mesmo que seja um magnífico atleta, escalar a fachada de um prédio, embora com a ajuda da hera, partindo da altura de um metro e meio do solo.
                                                                                                        
                        Jarturice-126 (Divulgada em 07.Maio.2015)








APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt

1 comentário:

santos costa disse...

Este sítio de investigação judiciária está cada vez melhor. Parabéns ao Luís Pessoa e ao Jartur.
As "Jarturices" constituem uma ideia brilhante, fruto que são de um trabalho sério e laborioso de pesquisa em jornais e arquivos.
Embora eu não esteja envolvido no meio das "cinzentas policiárias", não deixo de apreciar os livros de mistério e crime, para além de ter colaborado como desenhador esporádico no saudoso Mundo de Aventuras, em concomitância com o espaço do "Sete de Espadas" nessa revista e de ter publicado um único romance policial (que não obteve muito êxito).
Saudações e agradecimentos
Santos Costa