HÁ UM CRIME NA BIBLIOTECA
À ESPERA DE SOLUÇÃO!
O problema que hoje publicamos é de
autoria de um dos mais brilhantes produtores nacionais de enigmas policiários.
Na realidade, o confrade de Viseu,
Paulo, tem sabido introduzir no Policiário alguns elementos novos e uma forma
arejada de transmitir os casos a decifrar, que lhe mereceram já, de resto, o
reconhecimento generalizado dos confrades e o título de campeão nacional na
modalidade de produção.
Fica, pois, um alerta adicional “à
navegação”, para evitar surpresas futuras!
CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL –
2015
PROVA N.º 4 – PARTE I
CRIME NA BIBLIOTECA – Original de PAULO
O inspetor Marco Dias ouvia o que as pessoas que
estavam presentes na casa onde ocorrera a tragédia lhe diziam. Ia anotando
lentamente e questionando ainda com mais vagar.
Leonardo Sá estava morto. Ninguém da casa ouvira o
tiro. Não ouvira quem estava e muito menos quem dizia que não estava.
Numa primeira
estimativa, baseada na temperatura corporal e na temperatura ambiente, a médica
legista apontara para um intervalo entre as 14 horas e as 16 horas para o óbito.
Marco Dias olhou o relógio enquanto mentalmente
gravava as palavras que ouvia, registando apenas vocábulos soltos, mais para
que os seus ouvintes se concentrassem no que diziam, do que pela necessidade de
os escrever para que ficassem na sua memória
- Saí de casa antes das duas horas da tarde, dizia
Maurício Sá, irmão da vítima. Fui para a empresa e o meu irmão ficou em casa,
afirmando-me que lá iria ter mais tarde.
Éramos sócios na Orbefer, que felizmente se encontra
num momento de grande sucesso e expansão nas vendas para alguns países
europeus.
Estranhei o meu irmão não aparecer, mas já não era a
primeira vez que o fazia. Nem sempre era muito cumpridor.
A uma nova pergunta do inspetor Marco respondeu.
- Não consigo arranjar quem tenha estado sempre junto
de mim na empresa. Houve períodos em que estive sozinho, por bem mais do que
meia hora, e não posso provar que não saí de lá. Assim que me telefonaram,
pelas cinco e meia vim logo. Demorei pouco mais de 10 minutos. Quando cheguei subi
à biblioteca. Depois chamei a polícia.
Quem me telefonou? Foi o meu sobrinho.
O sobrinho, Cláudio, filho de uma irmã de Leonardo,
falecida com o marido num acidente de automóvel, acabara por ficar entregue aos
cuidados dos dois tios, Maurício e Leonardo, todos a morarem no velho palacete familiar
que vinha pertencendo à família desde pelo menos metade do século XVII.
- Saí antes das duas, cheguei perto das cinco e meia e
encontrei a minha tia em pânico, movendo-se de um lado para o outro sem saber o
que fazer.
Marco Dias limpava o suor da testa naquele fim da
longa tarde de um quente dia de junho, enquanto via o desfilar dos técnicos
encarregados de examinarem o local do crime.
A voz de Cláudio continuava.
- Ela estava muito agitada. Ainda antes de entrar pela
na biblioteca vi pela porta aberta o tio Leonardo caído numa poça de sangue.
Não vi arma nenhuma, pelo que não duvido que foi um crime. Motivo, não encontro,
pois parece que nada foi roubado.
Problemas aqui em casa?- uma pausa que se prolongou no
tempo- os meus tios estavam a meio caminho do divórcio, mas isso não é bem um
problema. É um facto normal e comum.
Onde estive? Na praia. Sem ninguém conhecido que me
visse, ou que pelo menos eu tenha visto.
Marco Dias tinha observado a biblioteca onde o corpo
se encontrava. A única porta aberta, janelas fechadas e nem sinal da arma. Um
tiro no peito da vítima, com aparência física de ter sido disparado a cerca de um
metro de distância. Como não havia cápsula, ou fora um revólver a arma
disparada ou quem cometera o crime levara-a.
A viúva, Donzília, antiga campeã regional de tiro,
modalidade onde conhecera o marido e o cunhado, também praticantes, falava com
dificuldade.
- Entrei em casa pelas cinco e um quarto. Desde as
três horas até depois das cinco estive deitada na piscina, à sombra, nas
traseiras da casa. Sabia que iria ficar sozinha em casa quando o Leonardo
saísse. Devo ter adormecido algum tempo porque não ouvi nada. Nem sequer um
tiro.
A uma pergunta de Marco respondeu.
- Claro que podia ter entrado alguém que fosse falar
com o Leonardo, sem que eu me apercebesse. Bastaria ele abrir-lhe a porta da
frente.
Quando subi, fui à biblioteca pousar um livro que tinha
levado para a piscina e logo que abri a porta deparei-me com o Leonardo morto.
Vim para fora sem saber muito bem o que fazer. Devo ter entrado em choque.
Foram momentos terríveis. Felizmente chegou o Cláudio
que telefonou ao meu cunhado, e depois telefonaram à polícia.
Marco Dias regressou à biblioteca onde um técnico lhe
deu uma primeira informação sobre as impressões digitais encontradas. Havia
vários conjuntos de impressões, com exceção do puxador da porta, que deveria
ter sido limpo pelo assassino e que não possuía qualquer impressão. A
comparação com as impressões dos residentes seria feita posteriormente.
Marco mergulhou nas estantes repletas de livros e lá
estava o volume indicado por Donzília.
Regressou à sala onde Maurício, Donzília e Cláudio aguardavam.
Armas em casa? Existia, ou deveria existir, uma,
legalizada, numa gaveta da biblioteca, mas costumava estar descarregada.
Uma nova busca e verificaram que a arma desaparecera.
Fora gente da casa ou um estranho? O calor não
facilitava o raciocínio, mas Marco Dias lá ia alinhavando ideias sobre o caso,
tentando ordenar uma resposta à pergunta que fizera a si próprio.
Pergunta-se.
Perante os dados fornecidos, o que é que Marco poderia
ir pensando sobre a morte de Leonardo?
E pronto.
Após as necessárias leituras, resta aos
nossos “detectives” enviarem as propostas de solução, impreterivelmente até ao
próximo dia 31 de Maio, para o que poderão usar um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para Luís Pessoa, Estrada Militar,
23, 2125-109 MARINHAIS;
- Por e-mail para um dos endereços:
- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde
quer que o encontrem.
Boas deduções!
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