(Diário Popular # 4988 – 25.08.1956)
O magnífico iate no qual os convidados
do barão Werner se tinham reunido para um cruzeiro no Mediterrâneo, lutava em
vão contra uma violenta tempestade, que há dias tinha transformado o grande mar
azul num constante e medonho torvelinho de altas ondas. O inspector Fauvel, que
estava a bordo, tinha tentado, por várias vezes, ler um livro, mas as violentas
pancadas das vagas no costado do barco e o balanceamento do iate não o deixavam
concentrar na leitura.
Resolveu então ir à ponte de
comando, a fim de conversar um pouco com o capitão. Quando ele seguia no
corredor que conduzia à ponte, ouviu, por entre os rumores da tempestade, um
estampido seco que não tinha nada que ver nem com o barulho do mar, nem com o
ruído do vento.
O inspector parou, voltou para trás
e entrou no pequeno salão para o qual davam várias cabinas de passageiros. Foi
então deparar com um criado debruçado sobre o corpo de um homem que acabava de
morrer.
Ao mesmo tempo, um novo solavanco
fez oscilar o navio e atirou o inspector de encontro à porta que ele acabara de
fechar. Fauvel levantou-se, conseguiu penosamente encontrar o equilíbrio e
aproximar-se do morto.
O cadáver apresentava um buraco na
cabeça. A queimadura em volta da ferida indicava bem que o tiro fora disparado
de muito perto.
Sem esperar que a tempestade
acalmasse, o inspector pediu ao barão Werner que o ajudasse no inquérito que ia
fazer. Começou por interrogar as pessoas que se encontravam mais próximas do
salão onde o corpo fora encontrado.
O criado, que chegara ao local em
primeiro lugar, declarou não ter encontrado ali qualquer pessoa.
Georges Mureaux, o célebre banqueiro
foi depois interrogado. Ele encontrava-se muito perto do sítio onde o homem
morrera e tinha sido um dos primeiros a acorrer, depois do inspector.
- Estava na minha cabina a escrever
uma carta… -começou ele por dizer.
- Posso vê-la? – perguntou Fauvel.
Georges Mureaux foi ao seu camarote
e voltou pouco depois com a missiva. O inspector pôde ler uma carta,
aparentemente dirigida à mulher do banqueiro, escrita numa letra muito firme e
muito certa e que ainda não estava terminada.
Foi depois a vez de Marjorie Daine,
a jovem e cativante «estrêla» de cinema, que não pôde esconder a verdade ao
inspector: Apavorada com a tempestade, ela tinha fugido para o camarote de seu
noivo que era também um dos convidados. Tratava-se de Jean Louis Bravard, o
filho do importante industrial, cuja cabina se encontrava justamente em frente
da de Marjorie.
- Jean Louis, interrogado por seu
turno, confirmou o que dissera sua noiva. Mas confessou que, se não saíra mais
rapidamente para o corredor, tinha sido sòmente para não comprometer Marjorie.
O inspector
notara, entretanto, que no casaco de Jen Louis Bravard havia uma mancha de
sangue.
-
Feri-me esta manhã ao abrir uma lata de conserva… - respondeu o rapaz,
embaraçado.
Fauvel
achou que já não era preciso interrogar mais ninguém.
-
Já investiguei o que queria… - disse ele ao barão Werner.
De
quem teria ele suspeitado? E porquê?
(Divulgaremos amanhã, a solução
oficial deste caso)
* *
* * *
Solução do problema # 122
(Diário Popular # 4981 – 18.08.1956)
Fauvel revistou o quarto muito bem,
encontrou uma ampola com estupefaciente, cheia, mas não viu qualquer seringa,
nem a ampola usada. Ora a morte fora provocada por uma injecção...
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
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