Numa operação de "limpeza", no saneamento de coisas, agora já sem interesse, que ainda abundam nas estantes que rodeiam esta minha superlotada cela, encontrei ontem o jornal «O POLICIAL», SEMANÁRIO DE INFORMAÇÃO GERAL.
É uma publicação sem grande qualidade nem interesse, que reportava as notícias, nacionais e internacionais, que tinham algo a ver com os polícias e os criminosos, fossem eles assassinos, ladrões, vigaristas ou burlões. Antes de mandar para a reciclagem aquelas 24 páginas já algo amarelecidas, folheei-as, por "descargo de consciência". E em boa hora o fiz, porque encontrei, ali, mais uma rubrica, com relativo interesse, para a história do policiário em Portugal. O seu título é «Tenente Stone, F.B.I.». Trata-se de um problema proposto em pequena "prancha" de banda desenhada, com a acção figurativamente narrada em oito "vinhetas", revelando a solução em legenda vertical.
Como forma de assinalar, festivamente, o aniversário que hoje se regista, da minha filha Maria Clotilde, para os amigos, a "CLÔ",depois desta Jarturice - 181, envio-vos o ficheiro de «O POLICIAL», que preparei para o ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA.
Abraços do Jartur.
(Diário Popular # 5421 – 09.11.1957)
Quando o inspector Fauvel chegou
ao bonito pavilhão que o célebre banqueiro Lenormand possuía numa orla do
Bosque de Bolonha, encontrou-se logo em presença de uma brigada da Polícia
Criminal, que chegara ao local do crime momentos antes.
- Desta vez
batemo-lo, inspector! – disse o inspector Rulard quando viu Favel. – É verdade
que fomos ajudados pelas circunstâncias…
- O criminoso
aproveitou-se do facto de Mr. Lenormand dormir de janela aberta para se
introduzir no seu quarto, depois de escalar a parede. Todas as portas que dão
para o quarto estavam fechadas por dentro. Repare: vêem-se nitidamente
patinhadas na álea, mesmo por baixo da janela.
Visivelmente
satisfeito consigo mesmo, o inspector Rulard mostra ainda ao inspector Fauvel a
hera que recobria uma parte da fachada. As folhas e os caules estavam
arrancados e esmagados a partir de metro e meio do solo até quase à janela do
primeiro andar, onde ficava precisamente o quarto da vítima.
-
O assassino assinou o seu crime – disse ainda Rulard, que, tomando o inspector
Fauvel pelo braço foi acrescentando: - Mas venha deitar uma vista de olhos lá
por dentro…
O
espectáculo no quarto não era reconfortante. Lenormand jazia no quarto, de
garganta aberta, num mar de sangue, deixando pender um dos braços. A luz da
mesa-de-cabeceira brilhava ainda. Aproximando-se da janela, o inspector Rulard
fez notar a Fauvel as arranhaduras no bordo do mármore.
-
E é tudo! – exclamou ele. – A única pessoa que tinha alguma coisa a ganhar com
este crime era o sobrinho do banqueiro, mas não acredito que ele tivesse a
coragem de cometer uma sangueira destas…
Com um
imperceptível sorriso nos lábios, o inspector fauvel tinha escutado este
implacável raciocínio policial. Lentamente, Fauvel puxou de um cigarro e
acendeu-o.
- As aparências
são por vezes enganadoras – disse ele, com calma, ao mesmo tempo que o fumo do
seu cigarro desaparecia no tecto. – O seu raciocínio não tem consistência. O
assassino estava dentro e bem dentro de casa!
O inspector
Rulard arregalou os olhos.
Como
é que o inspector Fauvel podia chegar a semelhante conclusão?
(Divulgaremos amanhã, a
solução oficial deste caso)
* *
* * *
Solução do problema # 180
(Diário Popular #
5414 – 02.11.1957)
Foi o botânico Paul Durand quem
escreveu a mensagem. O missionário teria sabido rezar. O médico conheceria
algum remédio. O milionário não escreveria que nada possuía e o coronel Ramon
teria escrito não em françês, mas em português.
Jarturice-181 (Divulgada em 01.Julho.2015)
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt
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