(Diário Popular #
5612 – 24.05.1958)
Tudo demonstrava que houvera luta
violenta. O salão da actriz Cármen Carmelo estava numa desordem indescritível.
O corpo da jovem, em pijama, estava caído junto ao piano. Duas balas tinham-na
atingido mortalmente. O inspector Fauvel apanhou do chão uma chave de uma
fechadura Yale e entregou-a ao seu adjunto. Este fez uma fotografia. Depois,
Fauvel dirigiu-se à porta da entrada e meteu a chave no orifício da fechadura.
Esta trabalhava com dificuldade, mas não havia dúvida de que a chave era
aquela. Havia outra porta na casa – a da entrada de serviço – mas parecia que
ninguém lhe tocara.
No meio de
vários papéis, no chão, o inspector Fauvel descobriu um cheque de 50.000
francos, assinado por Cármen, um cravo vermelho e um minúsculo elefante de
jade. Examinando os ferimentos, Fauvel concluiu que a vítima fora agredida
quando se encontrava no chão e depois empurrada para debaixo do piano.
«Esta chave que
apanhei tem as impressões de um polegar e de um indicador, perfeitamente
reconhecíveis. Nega que esteve hoje nos aposentos de Cármen?»
Estas perguntas,
fazia-as no seu gabinete o inspector Fauvel a Roland Bochet, artista de cinema.
Imperturbável, o artista negou. Então o adjunto de Fauvel, que assistia ao
interrogatório, interveio:
«Pode mostrar-me
o seu molho de chaves?»
«Nunca as usei.
– respondeu Roland. – Tinha uma chave da casa da Cármen mas devolvi-a há duas
semanas.
«Mas costuma
usar um cravo vermelho na botoeira?»
«Sim.»
«E hoje porque o
não traz? Eu vou dizer-lhe: é porque o deixou cair no salão da sua vítima,
quando lutava com ela…»
Então a voz
grave do inspector fez-se ouvir: «Não creio que Roland Bochet seja culpado.
Talvez a sua conduta dê lugar a suspeitas, mas quase tenho a certeza de que há
alguém que tenta incriminá-lo…»
Por
que motivo o inspector falava assim?
(Divulgaremos amanhã, a solução oficial
deste caso)
* *
* * *
Solução do problema
# 201
(Diário
Popular # 5605 – 17.05.1958)
A presença de uma chave na fechadura que não é de segurança, seja
qual for a posição dessa chave, não impede que um observador, pelo buraco da
fechadura, possa ver o que se passa, a três metros exactamente em linha recta
do orifício.
Jarturice-202
(Divulgada em 22.Julho.2015)
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt
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