(Diário
Popular # 5435 – 23.11.1957)
O magnífico iate onde os
convidados do barão Werner se tinham reunido para um cruzeiro no Mediterrâneo,
lutava corajosamente contra uma violenta tempestade que se fazia sentir há já
três dias.
O
inspector Fauvel tentara mergulhar na leitura de um livro. Mas o balanço havia-o
desencorajado. Dirigia-se para a ponte de comando, para falar com o capitão,
quando ouviu o som de uma detonação. Voltou sobre os seus passos e entrou no
pequeno salão para o qual davam as portas de vários camarotes. Descobriu aí um
criado debruçado sobre o corpo de um homem que acabava de morrer.
Nesse
mesmo momento um fortíssimo balanço atirou o inspector de encontro à porta que
acabava de fechar e Fauvel teve a maior dificuldade em equilibrar-se e
aproximar-se da vítima. Esta apresentava um buraco na testa. As queimaduras
existentes à volta da ferida mostravam que a bala fora disparada à
queima-roupa.
Sem
esperar mesmo que acalmasse a tempestade, o inspector Fauvel pediu ao barão
Werner que o ajudasse no seu inquérito. Começou por interrogar as pessoas que
se encontravam mais perto do salão onde aparecera o corpo.
O
criado que primeiro acorrera ao salão, declarou não ter encontrado ali ninguém.
Georges Mureaux, o célebre banqueiro foi interrogado a seguir. Fora uma das
primeiras pessoas a acorrer ao salão.
«Estava
no meu camarote a escrever uma carta.» - disse ele ao inspector.
«Posso
ver essa carta?» - perguntou Fauvel.
Georges
Mureaux voltou alguns instantes mais tarde e o inspector Fauvel leu, então, uma
carta aparentemente dirigida a uma mulher, escrita com letra firme e elegante e
que não estava ainda terminada.
Veio
depois a vez de Marjorie Daine, a jovem e cativante artista que confessou:
aterrada pela tempestade refugiara-se no camarote de seu noivo, Jean-Louis
Bravard. Esse camarote era fronteiro ao de Marjorie.
Jean-Louis
confirmou o que a noiva dissera, e acrescentou que se não saíra mais
rapidamente para o corredor fora para não comprometer Marjorie. No entanto, o
inspector Fauvel notou uma nódoa de sangue no casaco de Jean-Louis Bravard.
«Feri-me esta manhã» - disse o rapaz, com ar
embaraçado.
Mas
Fauvel não prosseguiu no interrogatório e disse para o barão:
«Já
formei a minha opinião».
No seu lugar, de quem suspeitaria o leitor?
(Divulgaremos amanhã, a
solução oficial deste caso)
* *
* * *
Solução do problema # 182
(Diário Popular #
5428 – 16.11.1957)
Ao esquadrinhar o quarto e a
bagagem do morto, o inspector Fauvel tinha descoberto uma ampola, mas não
encontrou qualquer seringa. Ora, a morte sobreviera após uma injecção.
Jarturice-183 (Divulgada
em 03.Julho.2015)
APRESENTAÇÃO
DIVULGAÇÃO
DE: JARTUR
jarturmamede@aeiou.pt
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