(Diário Popular #
5550 – 22.03.1958)
Um agente da
Polícia estava de guarda junto ao corpo inerte da que fora a sedutora Corrine
Lagot. Esperava a chegada do inspector Fauvel e do médico. A jovem estava
deitada no chão, de costas, no pátio traseiro de uma garagem, com os braços
colocados ao longo do corpo. Os seus pés estavam inclinados para dentro. A meia
da perna direita estava rasgada à altura do joelho e também no calcanhar. A
desordem do seu vestuário indicava que a sedutora actriz se debatera
desesperadamente, antes dos agressores terem conseguido estrangulá-la e tirar-lhe
o dinheiro e as jóias.
Alfredo,
o guarda da noite da garagem onde Corrine guardava o seu automóvel, declarou ao
inspector Fauvel que a sua cliente tinha entrado cerca das duas horas da
madrugada e saíra pela porta das traseiras onde, dizia ela, tinha alguém à
espera para a levar a casa.
Apesar
de um exame minucioso, o inspector Fauvel não encontrou traços do rodado desse
carro, o que era estranho, pois, dado o piso, devia haver marcas. Prosseguindo
nas investigações, soube que Corrine passara com uma das suas amigas diante da
saída do teatro, às 23 e 45 h. Confirmou também que a sua chegada à garagem se
fizera às 2 horas, pois o carro fora visto por uma testemunha. Uma nódoa de
óleo manchava o casaco nas costas. Mas o anel que ela usava e o seu soberbo
diamante, o seu colar de pérolas, o seu relógio de ouro e a sua carteira,
haviam desaparecido.
O
inspector Fauvel notara indícios curiosos e estabelecera, com rigor científico,
que a jovem não fora estrangulada no ponto onde foi encontrado o seu cadáver.
Este fora conduzido para o ponto onde o acharam. Porquê? O inspector Fauvel
contentava-se com este elemento: o criminoso cometera um erro: ele se
encarregaria de descobrir os outros e prendê-lo.
Mas como é que o inspector Fauvel concluíra que Corrine
Lagot, não fora assassinada no local onde o seu cadáver apareceu?
(Divulgaremos amanhã, a solução oficial deste
caso)
* *
* * *
Solução do problema # 194
(Diário Popular # 5543 – 15.03.1958)
Quando
Larson pôs o relógio de pesos a trabalhar, os ponteiros indicavam 8,55;
contudo, alguns minutos depois, o relógio dava onze horas! Este facto advertiu
Fordney de que alguém parara o relógio e fizera recuar os ponteiros para as
8,55, com o fim de estabelecer um álibi. Quando se faz recuar os ponteiros, o
mecanismo das horas não sofre alteração; por isso quando Fordney ouviu o
relógio bater onze horas, com os ponteiros indicando 8,55, concluiu que Grayson
fora assassinado entre as 10,30 e as onze, e não entre as 8,30 e as 8,55.
Collier tinha um indestrutível álibi para as 8,55 mas, como Norton estivera a
dormir depois das 10,15 (Collier deitara um narcótico nas bebidas), não possuía
álibi para a hora do crime. Assim, quando Collier disse: «Oh, porque não os deixou
levar os papéis e tudo quanto estava no cofre». O professor já não teve mais
dúvidas quanto ao culpado do crime, pois Fordney não mencionara o local em que Grayson fora
morto, nem dissera que o cofre tinha sido roubado. Se, para deixar vestígios de
luta Collier tivesse esmigalhado e destruído o relógio, seria impossível
refutar-lhe o álibi, quais quer que fossem as suspeitas de que se tornasse
objecto. Mas… a relutância natural em destruir um objecto valioso fê-lo deitar
o relógio no chão, colocando-o sobre um dos lados: este cuidado excessivo
valeu-lhe uma condenação a prisão perpétua.
Jarturice-195
(Divulgada em 15.Julho.2015)
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt
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