«Realmente! – Rogério Collier lançou,
raivosamente, esta palavra ao seu mordomo, Grayson – a despeito da minha
absolvição, ainda estás convencido que matei a minha mulher, não é verdade?
Pois bem, isto tirar-te-á vontade de suspeitar de mim». - E com estas palavras
arremessou a taça de champanhe à cara do mordomo.
Três
noites depois desta cena, o professor Fordney e o sargento Larson
encontravam-se no escritório de Rogério Collier; eram 11,45. No chão, jazia
Grayson, por baixo de um cofre embutido na parede, e que naquele momento estava
escancarado. Estava morto, e tinha no corpo dois enormes buracos de bala; duas
cadeiras tinham sido derrubadas e o grande relógio de pesos estava deitado de
lado.
«O relógio diz-nos a que horas Grayson
foi morto» - disse o sargento Larson, indicando os ponteiros parados nas 8,55.
Fordney
anuiu, com um aceno de cabeça, e Larson endireitou o relógio. Num bloco, junto
do telefone, Fordney viu a indicação do local onde Collier se encontrava, e não
tardou em descobrir o endereço. Trocou algumas palavras com Larson e, no
momento em que saiu, ouviu o relógio dar onze horas.
*
Ao
chegar ao apartamento de Leslie Norton, o criminologista encontrou Collier,
ligeiramente embriagado, tentando despertar o amigo, imerso num profundo sono
de alcoólico.
«Não
vale a pena gastar muitas palavras» - disse Fordney.
«O
seu mordomo foi assassinado».
«Quê?
– exclamou Collier – Grayson? Assassinado!
«Oh,
porque não os deixou levar os papéis, e tudo quanto estava no cofre? Eu…»
«Imagine
haver alguém capaz de dar cabo de Grayson.» - resmungou Leslie Norton.
Norton
apoiou a declaração de Collier de que chegara ao apartamento às 8 e 30 e não
voltara a sair; tinham ambos bebido muito até que, cerca das 10 e 15, Norton
adormecera. Collier acrescentou que quando Fordney entrara, estava a ver se
conseguia acordar Norton, para irem ambos a um clube nocturno.
Foi
com verdadeiro espanto que Norton ouviu o professor anunciar, subitamente, que
Collier estava sob prisão, acusado do assassínio de Grayson.
Que pista indicou a Fordney que Collier não tinha álibi para
a hora em que Grayson
fora assassinado? Que outra prova o advertiu de que Collier era culpado?
(Divulgaremos amanhã, a solução oficial
deste caso)
* *
* * *
Solução do problema # 193
(Diário Popular #
5522 – 22.02.1958)
Fordney não encontrou em cima da mesa pétalas das rosas murchas;
esse facto informou-o de que alguém estivera na sala depois das 5,30 horas de
quarta-feira. Alice confessou finalmente. Envenenara o velho antes de partir,
para lhe herdar a fortuna, e, ao regressar, pusera a moeda espanhola na mão do
morto, para fazer recair sobre Cármen as suspeitas do crime. Os seus hábitos de
ordem fizeram-na retirar da mesa as pétalas caídas.
Jarturice-194 (Divulgada
em 14.Julho.2015)
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt
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