(Diário Popular #
5221 – 20.04.1957)
O professor
Fordney olhou atentamente os pés do cadáver. Que estavam cruzados, no chão.
Relanceou o olhar pelos numerosos aposentos de paredes espessas, no 29.º andar
do Hotel Balmore, onde o jovem e rico Skip Hoyt jazia sobre um grande «puzzle»
praticamente solucionado, em cima de uma mesa, no meio do quarto. Tinha sido
alvejado na cabeça. Em cima da pedra do fogão encontra-se um relógio, atrasado
14 minutos.
- Foi o senhor a
última pessoa a ver Hoyt vivo? – perguntou o Professor ao campeão de ténis
Bruce Raymer.
- Provavelmente,
isto é, se não contarmos com o assassino – replicou o jovem. – Estivemos a
beber juntos e a conversar, Skip e eu, até às 10 horas. Ele começou a fazer
aquele «puzzle» quando eu saí. Disse que queria ocupar o espírito em qualquer
coisa até vir o Nick Foran. Quando voltei, meia hora mais tarde, encontrei
Foran a olhar para Skip. Avisei o detective do hotel.
Os olhos de Fordney
não se desprendiam dos pés de Hoyt. Voltou-se para o sargento Krause e
pediu-lhe:
Mande chamar
Foran.
Foran era um
homem de 55 anos, corpulento, afável, jogador conhecido.
- Quanto é que
Hoyt lhe devia? – perguntou-lhe Fordney.
Foran deu uma
gargalhada:
- Quanto me
devia? Essa é boa! Eu é que devia 13.000 dólares a Hoyt… Vinha cá pagar-lhos.
Mas, agora que ele está morto…
- A que horas
chegou aqui?
- Às 10 e 28, da
última vez.
- Esteve cá
antes?
- Sim, às 9 e
15.
O Professor
fitou Raymer.
- Skip e eu entrámos
juntos às 9 e 25 disse ele.
Fordney
exclamou, apontando um deles:
- Mente!
Levem-no para a esquadra.
De
quem suspeitou Fordney?
(Divulgaremos amanhã, a
solução oficial deste caso)
* *
* * *
Solução do problema # 155
(Diário Popular #
5214 – 13.04.1957)
Aqui está como Dalyrumple, por meio
de raciocínio lógico, chegou à conclusão de que na sua testa havia uma marca
vermelha: todos os três assobiavam. Portanto, qualquer dos três, via, pelo
menos, uma marca vermelha.
«Ora
– disse para com os seus botões, o astuto Dalyrumple. - Suponhamos que eu tenho
uma marca preta. Muito bem. Estou a assobiar, porque vejo marcas vermelhas
tanto em Graham como em
Ethel. Se eu tivesse uma marca preta, Graham assobiaria por ver
a marca vermelha de Ethel. E Ethel assobiaria por ver a marca vermelha de
Graham. Se a minha marca fosse preta, então Graham saberia que Ethel assobiava
por que via a marca vermelha dele. E Ethel saberia que Graham assobiava porque
via nela uma marca vermelha. Ora, se assim fosse, tanto Graham como Ethel
teriam deixado de assobiar, porque chegariam à conclusão de que qualquer deles
tinha uma marca vermelha. (É de lembrar que cada um devia assobiar quando visse
uma marca vermelha em, pelo menos, um dos outros, e parar apenas quando
estivesse convencido de que tinha uma marca vermelha.).
Todavia,
Graham e Ethel não suspenderam o assobio. Portanto, não estavam a assobiar por
causa das marcas deles próprios: estavam a assobiar porque a minha marca era
vermelha!».
Jarturice-156 (Divulgada
em 06.Junho.2015
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt
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