(Diário Popular # 5310
– 20.07.1957)
Depois de ter inspeccionado o
local, perfeitamente em ordem se não fosse o cadáver que jazia num charco de
sangue, de fronte da janela, o inspector Fauvel voltou-se para Robert Denvers e
pediu-lhe que descrevesse, uma vez mais, como se tinham passado as coisas.
Denvers, que
parecia ter envelhecido dez anos, declarou:
- Pelo menos
três vezes, na noite passada, minha mulher foi acordada por ruídos em casa e
pediu-me que fosse ver o que se passava. Levantei-me, por três vezes, mas nada
descobri de anormal. Era talvez uma hora da madrugada quando me deitei pela
terceira vez. Pouco depois, já estava a pegar no sono quando ouvi um ligeiro
ruído. Logo que os meus olhos se habituaram a obscuridade, vi, na sombra, uma
silhueta diante da janela. Minha mulher tinha razão, portanto. Alguém estava no
nosso quarto. Quase sem reflectir, silenciosamente, lancei mão do revólver de
que me munira ao proceder às anteriores inspecções e guardara por prevenção,
debaixo do travesseiro, e disparei, por três vezes. Não necessitava de fazer
pontaria, pois a janela estava defronte de mim.
Sem um grito, a
sombra caiu.
Saltei da cama e
acendi a luz. Fiquei então horrorizado. Minha mulher jazia no chão, exactamente
onde se encontra agora. Fora ela que se levantara. E eu confundi-a com um
assaltante. Não a tinha ouvido, pois como vê, dormíamos em camas separadas…
Chamei o dr. Richard, a toda a pressa. Mas já era tarde.
O médico legista
ainda se encontrava no local.
- Então, doutor?
- Uma bala
atingiu o ombro, de raspão. Outra penetrou nas costas e saiu pelo peito, depois
de ter atravessado o coração. A morte foi instantânea.
- E depois? –
perguntou o inspector a Denvers.
- Depois… Que
hei-de acrescentar? Fiquei aqui à sua espera.
- Nem o senhor
nem o médico tocaram fosse no quer fosse?
- Ninguém tocou
em nada.
- Pois fez mal…
Está aqui um calor tremendo. – disse Fauvel, dirigindo-se para a janela, que
abriu.
Aspirou o ar
fresco e, em seguida, voltando-se para Robert Denvers, disse, com voz dura:
- Cometeu um
erro. Isso é que o incrimina. E de tal modo que será difícil encontrar
atenuantes…
O que
levou Fauvel a esta afirmação?
(Divulgaremos
amanhã, a solução oficial deste caso)
* *
* * *
Solução do problema # 165
(Diário Popular #
5303 – 13.07.1957)
O revólver não apresentava impressões
digitais. Claudine não podia ter disparado contra si própria e limpado, de seguida,
as impressões digitais. Alguém devia tê-las apagado – possivelmente alguém que
disparara contra Claudine.
Jarturice-166 (Divulgada em 16.Junho.2015)
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt
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