UM CRIME NO ANIVERSÁRIO
DA CONFRARIA DOS GÉMEOS
Passadas as emoções do convívio de
Almeirim, organizado pela Tertúlia Policiária da Liberdade e em que ficámos a
saber quem foi premiado no Concurso de Contos Manuel Constantino e assistimos à
homenagem a um emocionado mestre do policiário português, precisamente o
próprio Manuel Botas Constantino, que se viu rodeado de familiares e Amigos, é
chegado o tempo de regressarmos às nossas competições.
Tratando-se de torneios de grande fôlego,
com duração de praticamente um ano inteiro, tornam-se desafios à capacidade de
resistência e concentração dos “detectives” para que não ocorram os pequenos
deslizes que normalmente deitam toda uma época por terra.
As nossas competições são, por norma,
extremamente disputadas e muitas vezes discutidas nos mais ínfimos pormenores
ou numa proposta de solução mais elaborada, o que faz com que a exigência seja
permanente.
Num universo de mais de dois milhares e
meio de participantes, encontramos “detectives” de todos os géneros e ambições,
desde aqueles que participam por “desporto”, sem procurarem sequer os registos
das pontuações, nem se apercebendo quando, por qualquer lapso, os seus
pseudónimos não aparecem, até aos que procuram “controlar” toda a informação,
lutando por qualquer ponto, em qualquer classificação.
Uns e outros, fazem o nosso universo
policiário e são demonstração daquilo que o nosso passatempo pode e leva a cada
um, conforme se pretender: desde momentos de lazer e descontracção, sem qualquer
pressão competitiva, até ao inverso, confrades mais sintonizados para a
competição, para a obtenção de resultados!
Esta é uma das nossas riquezas, podermos
ter um passatempo a várias velocidades, em que cada pessoa escolhe a sua e
diverte-se com isso, sempre puxando pelas suas “células cinzentas”, sempre
praticando o mais salutar exercício mental, que é a dedução, o retirar de
conclusões a partir da análise dos factos.
O problema de hoje é curioso e
transporta-nos até uma confraria onde nem tudo o que parece ser verdade, o é
mesmo!
Vamos até à Confraria dos Gémeos:
CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL -
2015
PROVA N.º 5 – PARTE I
A CONFRARIA DOS GÉMEOS – Original de ZÉ
COXO
Os irmãos Costa Pereira são três dos mais
influentes membros da Confraria dos Gémeos, agremiação a cujos destinos presidem
vai já para três anos na qualidade de diretores únicos. Iguais como gotas de
água, eles apenas se distinguem por pequenos traços particulares. Jorge é neste
momento facilmente reconhecido pelo seu forte coxear, resultado de um muito
recente acidente de caça que causou grandes estragos na sua perna direita. José
é desde quase sempre identificado pela sua acentuada gaguez, fruto de um
tremendo susto sofrido quando criança. E Jacinto apresenta como traço distintivo
uma indisfarçável cicatriz junto do sobrolho esquerdo provocada por uma infeliz
brincadeira dos seus tempos de adolescente, no recreio da escola.
É dia de comemoração de mais um aniversário
da Confraria dos Gémeos e o detetive Fagundes dirigiu-se de urgência para o
local, por solicitação de um antigo colega da Polícia Judiciária que ocupa
agora lugar destaque nesta organização. Um dos irmãos Costa Pereira fora
avistado numa cidade do sul do país, a cerca de 400 quilómetros de distância, a
cometer um hediondo crime. O que, aliás, não surpreendeu ninguém na Polícia
Judiciária, uma vez que há muito se suspeitava que os três irmãos estavam
associados a uma perigosa rede de delinquentes que tem vindo a cometer diversas
atrocidades criminosas de norte a sul de Portugal, espalhando o terror por onde
passam e deixando marcas profundamente traumáticas entre as suas vítimas.
Fagundes deambulava pelo salão de
festas da Confraria dos Gémeos quando um dos irmãos Costa Pereira chegou.
Sempre agarrado a uma elegante bengala, o gémeo foi estendendo a sua mão
direita a alguns dos presentes enquanto caminhava com aparente dificuldade rumo
à sala de reuniões, onde os elementos da direção da Confraria decidiriam a
atribuição do Prémio ‘O Gémeo do Ano’. Havia em cada rosto dos presentes sinais
de alguma ansiedade e expectativa, se bem que se murmurasse entre dentes que aquela
distinção já estava há muito destinada a um dos diretores. Mesmo assim,
notava-se uma réstia de esperança nos olhares de muitos dos gémeos de que
aquele galardão viesse a distinguir outro dos confrades e não os do costume…
Pouco tempo volvido surgia no
palco um dos gémeos Costa Pereira, apresentado como presidente da direção da Confraria,
para anunciar o veredito. A luz dos projetores fez sobressair uma pequena
cicatriz que, segundo algumas das senhoras presentes, lhe dava um certo
encanto. «E o vencedor é…». O resultado já era o esperado por quase todos. A
direção da Confraria distinguiu, pelo terceiro ano consecutivo, um dos gémeos
Costa Pereira. O seu discurso de vitória foi divertidíssimo, arrancando grandes
gargalhadas. O laureado subiu rápido ao palco, mas levou bem perto de dois minutos
para dizer simplesmente: «Oooo.briiiii.bri.bri.briii.ga.ga.gaaaa.do.do.doooo!».
Fagundes está intrigado. A
testemunha que denunciara um dos gémeos como autor de um crime cometido há
pouco mais de meia hora era absolutamente credível e ela garantia ter visto o
gémeo coxo matar um abastado industrial a 400 quilómetros dali. «Mas como é
isso possível?» – interroga-se o detective.
E pronto.
Agora é vez dos nossos
“detectives” se pronunciarem sobre os mistérios desta estranha confraria.
Depois das necessárias leituras e análises dos factos, o que terão é de dar
resposta ao investigador, impreterivelmente até ao próximo dia 30 de Junho,
usando um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para
Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
- Por e-mail para um
dos endereços:
- Por entrega em mão
ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.
Boas deduções!
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