(Diário Popular # 5338 – 17.08.1957)
Pelo espírito dos alunos das
classes de criminologia do Professor Fordney, passavam visões de grossos bifes
de veado, cozinhados em sua casa, por Mary, a preciosa governanta do professor.
Fordney riu por
entre dentes – sabia que pensamentos povoavam a cabeça dos rapazes – quando os
alunos lhe perguntaram se, finalmente, apanhara o veado.
«Sim… foi uma
esplêndida excursão e uma aventura como nunca vivi, em toda a minha vida de
caçador. Querem ouvir a história?»
Toda a classe
olhou o professor com desconfiança – porém, qualquer coisa que aliviasse a
tensão de um trabalho especialmente difícil seria bem-vinda.
«Andava pelo
mato havia perto de três horas e não tinha ainda visto um único veado – contou
Fordney. Começou então a cair neve, uma neve fina e macia que depressa cobriu o
chão. Ao olhar para o outro lado do estreito vale, avistei um dos mais belos
veados que até hoje vi. O animal, logo que me sentiu, voltou-se e pôs-se a
subir a colina, galopando desesperadamente. Apontei cuidadosamente e disparei.
Que tiro! Vi o veado cair, depois debater-se furiosamente sobre a neve,
durante, talvez dois minutos – enquanto eu me aproximava correndo – e, por fim,
levantar-se, afastando-se rapidamente, como se nada lhe tivesse sucedido.
«Mas, a parte
mais singular do caso é a seguinte: quando cheguei ao local onde o veado caíra,
não encontrei nem pinga de sangue nem vestígios de pêlo; sabia, contudo, que a
minha bala lhe acertara, pois eu encontrei provas concretas do facto!».
Sorrindo,
Fordney examinou os alunos. Depois, acrescentou: - «Sei que alguns de vocês
estão habituados a caçar, por isso, serão, sem dúvida, capazes de me dizer o
que aconteceu».
«Não é difícil – respondeu, vivamente,
Sam Welch, ansioso por exibir a sua ciência ante os colegas. – O senhor…»
Será
o leitor capaz de deduzir como pode Fordney ter atingido o veado, sem que este
deixasse vestígios de sangue ou pêlo no sítio em que caiu?
(Divulgaremos amanhã, a
solução oficial deste caso)
* *
* * *
Solução do problema # 169
(Diário Popular #
5331 – 10.08.1957)
Fordney encontrara o cadáver de Grafton no
centro da sala de estar. Conrad dissera que o morto caíra no chão, logo depois
de ter bebido. Contudo, o copo estava sobre uma mesa encostada à parede, por
baixo do retrato! Mais tarde, Conrad confessou que envenenara a aguardente de
Grafton, na cozinha, onde ambos tinham bebido: em seguida, arrastara o corpo
para a sala de estar, com o fim de acrescentar à narrativa o retoque dramático
da cena em frente do retrato. O pânico que, depois, o tomara levara-o a
colocar, inadvertidamente, o copo de Grafton em cima da mesa. Este erro
lavrou-lhe a sentença de morte. Fora Conrad, evidentemente, o autor da
«confissão» da burla em que ele próprio de encontrava implicado.
Jarturice-170 (Divulgada
em 20.Junho.2015)
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário