(Diário
Popular # 5723 – 13.09.1958)
Elevando-se
nas pontas das suas sandálias, Marie-Christine Lindy, envergando simplesmente
uns «shorts» e uma blusa, mantinha o equilíbrio apoiando-se no braço de Robert
Mettin e ria alegremente enquanto um dos participantes no piquenique tirava uma
fotografia ao animado grupo. Alguns instantes volvidos, ela deixava os seus
companheiros para regressar à pequena vivenda que com seu marido tinham alugado
para as férias e que ficava a uns dois quilómetros, atravessando o bosque.
Três
horas mais tarde, Emile Lindy telefonava ao seu amigo Robert Mettin a pedir-lhe
novas de sua mulher.
-
Mas ela deixou-nos, já há longo tempo e não voltei a vê-la depois disso. Eu vou
aí. – respondeu Robert.
Os
dois homens encontraram-se a meio caminho entre as suas vivendas. E quase ao
mesmo tempo deram pelo corpo de Marie-Christine estendido na berma da vereda.
Pouco
depois, o inspector Fauvel chegava ao local. Demoradamente, contemplou o corpo
de Marie-Christine, as suas compridas pernas bronzeadas pelo sol, os seus
pequenos pés metidos em alpargatas e dobrados sob ela. A posição do corpo não
deixou de intrigar o inspector. Marie-Christine, aquela jovem e sedutora
criatura, sempre pronta a rir alegremente, estava agora morta e bem morta. Uma
bala tinha-a atingido na cabeça. O projéctil foi descoberto, ali perto, pelo
inspector e sobre a relva estava um revólver.
-
Ela matou a minha mulher! Matou a minha mulher! – gritou, entretanto, fora de
si, Emile Lindy, precipitando-se sobre Robert Mettin.
-
Não compreendo – balbuciou este – Com efeito, o revólver é o meu…
Na
sua residência, Jacques Neveux, outro dos participantes no piquenique, entregou
ao inspector Fauvel uma prova da fotografia que tinha tirado algumas horas
antes e que havia revelado imediatamente. O inspector examinou todos os
personagens. Haveria, entre eles, um assassino?
-
Mas Marie-Christine não voltou a casa após o piquenique? – perguntou o
inspector a Emile Lindy.
-
Não. Eu não saí de casa e tê-la-ia visto entrar. – foi a resposta.
Acabrunhado,
Robert Mettin não deu palavra durante esse tempo. Entretanto, a voz grave do
inspector Fauvel fez-se ouvir:
-
O senhor mente. – disse ele a Emile. – Foi o senhor quem matou sua mulher!
Em que facto assentava a convicção do inspector
Fauvel?
(Divulgaremos amanhã, a solução oficial deste
caso)
* *
* * *
Solução do problema 213
(Diário Popular # 5716 – 06.09.1958)
Sylvain
Nellard tinha sido chamado a Paris quando menos o esperava. Entretanto, Cadel
conservava o reconhecimento de dívida no seu escritório. Nellard não podia,
portanto, conceber que ele levaria o documento para a residência pessoal mais
de uma hora antes de ter, ele próprio, recebido o telegrama que o chamava
urgentemente a Paris. Assim, e apesar de circunstâncias perturbantes, era impossível
provar que Nellard houvesse decidido assassinar Cadel.
Jarturice-214 (Divulgada em 03.Agosto.2015)
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt
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