domingo, 23 de agosto de 2015

POLICIÁRIO 1255

E ASSIM ACONTECEU…
REGRESSO AO S. JOÃO DO PORTO E ENTRADA BARRADA EM CLUBE EXCLUSIVO.

Férias são férias, pensarão os nossos confrades perante este mês de Agosto que afinal não tem sido nada daquilo que lhe previam os especialistas, com sol envergonhado e vento com fartura.
Mas, apesar de tudo, muitas pessoas estão afastadas dos seus locais habituais, o que poderia ser um óbice à continuação das nossas competições, coisa que, no entanto, não perturba os nossos “detectives”, porque em todos os anos é a mesma coisa: o Policiário nunca interrompe! Pode haver um alargamento de prazos, uns tantos ajustes, mas as células cinzentas estão sempre prontas e preparadas para tudo, porque, como se dizia nas séries criminais e nas histórias aos quadradinhos, “na cidade adormecida, o crime não dorme…”.
Vamos dar resposta aos dois desafios de autoria do confrade “Quaresma, Decifrador”, que nos levaram, na primeira parte, aos festejos de um remoto S. João na cidade do Porto, com apontamentos da história da cidade ou com ela relacionados e uma sessão dos irritantes, pouco tradicionais e nada ecológicos martelinhos de plástico e, na segunda parte, até à porta de um clube exclusivo e pelos vistos muito requisitado, com entrada barrada por uma precipitação no momento de dar resposta à senha.
Coisas que acontecem…

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
SOLUÇÕES DA PROVA N.º 6

PARTE I – “ACONTECEU NA NOITE DE SÃO JOÃO” – Original de QUARESMA, DECIFRADOR


A conversa entre os dois jovens fez-me perceber que tinha “viajado” até uma noite de S. João no ano de 1961, ano em que deflagrou o conflito militar em Angola. O calendário que estava na parede confirmou isso mesmo.
Na realidade, a cidade do Porto já teve (ou tem) três santos padroeiros. Mas nenhum deles é o S. João. Nas palavras do historiador Germano Silva, o S. João é padroeiro da borga, do folguedo, mas não da cidade do Porto. Os três santos padroeiros da cidade do Porto são (ou foram) S. Vicente, S. Pantaleão e Nossa Senhora da Vandoma.
S. Vicente, o mesmo santo que também é padroeiro da cidade de Lisboa, tal como Santo António, foi considerado o padroeiro principal da cidade do Porto, entre 1025 e 1453. Conta uma história, não confirmada, em que o barco com as relíquias de S. Vicente partira de Lisboa em direção à Galiza e ao passar ao largo do Porto, por razões que se desconhecem, entrou na barra. Corria o ano de 1025. Desde aí, S. Vicente ficou a ser padroeiro da cidade.
S. Pantaleão era médico, arménio e foi, de facto, martirizado. Mas não pelos turcos aquando da invasão da Arménia, em 1453, século XV. S. Pantaleão foi martirizado por decapitação, por se recusar abjurar a sua fé, em Nicomédia, no ano de 303, por ordem do imperador romano Maximiano.
De facto, um grupo de cristãos meteu-se num barco e fugiu da Arménia, na altura da invasão turca, com relíquias do corpo de S. Pantaleão. Vieram pelo mar, entraram no Douro e aproaram em Miragaia e por lá ficaram (data desta altura a conhecida rua Arménia). As relíquias foram recolhidas na Igreja Paroquial de Miragaia, onde ficaram desde a chegada em 1453 até 1499, data em que foram trasladadas para a Sé Catedral.
Miragaia, era constituída na época por uma comunidade de pescadores, marinheiros, calafates e carpinteiros, construtores de navios. Nesse ano de 1453, os habitantes de Miragaia imploraram a proteção de S. Pantaleão para não serem atingidos pela peste que invadia a cidade do Porto. O que é certo, é que a peste não chegou a Miragaia, tendo isso sido atribuído a um milagre de S. Pantaleão, que passou a ser padroeiro da cidade do Porto.
Nossa Senhora da Vandoma foi, efetivamente, entronizada padroeira pelo Bispo do Porto D. António Ferreira Gomes, no ano de 1954. Mas a devoção por esta santa terá surgido por volta do ano 990, há mais de um milénio [ou há quase um milénio, nas palavras proferidas em 1961]. É por isso mesmo que Nossa Senhora da Vandoma ocupa um lugar privilegiado no coração do brasão da cidade do Porto.
Lembram-se de vos ter dito que estava sentado no café, naquele dia do ano de 1961, e que ao olhar para o exterior tive a certeza que continuava a ser uma noite de S. João, pois as pessoas continuavam a desferir as bem conhecidas marteladas de S. João? Pois é, isso é impossível, já que os martelinhos de S. João apenas foram inventados em 1963.
Tudo começou quando os estudantes pediram a Manuel António Boaventura, industrial de plásticos do Porto, um brinquedo ruidoso para ser usado na Queima das Fitas. O sucesso dos martelinhos foi tal que os comerciantes do Porto também quiseram martelinhos para a Festa de S. João.


PARTE II – “ACONTECEU NA ENTRADA DO CLUBE” – Original de QUARESMA, DECIFRADOR

A alínea certa é a alínea A.
O meu amigo precipitou-se já que depois de assistir ao que tinha acontecido com os três indivíduos não era possível ter a certeza absoluta sobre como responder.
Havia uma possibilidade que foi a utilizada por ele. Ele percebeu que as respostas dadas a “8”, “24” e “14” foram “4”, “12” e “7”, ou seja, o número que correspondia a metade dos números provenientes do interior do clube.
O que o meu amigo não percebeu foi que havia uma outra possibilidade, ou seja, que depois de se ouvir “oito”, “vinte e quatro” e “catorze”, as respostas tinham sido 4, 12 e 7, o que correspondia ao número de letras que formava cada um dos referidos números.
Por isso, a resposta que ele devia ter dado quando ouviu “30” (“trinta”) devia ter sido 6 (número de letras da palavra “trinta”). 

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