E ASSIM ACONTECEU…
REGRESSO AO S. JOÃO DO PORTO E
ENTRADA BARRADA EM CLUBE EXCLUSIVO.
Férias são férias, pensarão os nossos confrades
perante este mês de Agosto que afinal não tem sido nada daquilo que lhe previam
os especialistas, com sol envergonhado e vento com fartura.
Mas, apesar de tudo, muitas pessoas estão afastadas
dos seus locais habituais, o que poderia ser um óbice à continuação das nossas
competições, coisa que, no entanto, não perturba os nossos “detectives”, porque
em todos os anos é a mesma coisa: o Policiário nunca interrompe! Pode haver um
alargamento de prazos, uns tantos ajustes, mas as células cinzentas estão
sempre prontas e preparadas para tudo, porque, como se dizia nas séries
criminais e nas histórias aos quadradinhos, “na cidade adormecida, o crime não
dorme…”.
Vamos dar resposta aos dois desafios de autoria do
confrade “Quaresma, Decifrador”, que nos levaram, na primeira parte, aos
festejos de um remoto S. João na cidade do Porto, com apontamentos da história
da cidade ou com ela relacionados e uma sessão dos irritantes, pouco
tradicionais e nada ecológicos martelinhos de plástico e, na segunda parte, até
à porta de um clube exclusivo e pelos vistos muito requisitado, com entrada
barrada por uma precipitação no momento de dar resposta à senha.
Coisas que acontecem…
CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE
PORTUGAL
SOLUÇÕES DA PROVA N.º 6
PARTE I – “ACONTECEU NA NOITE DE SÃO
JOÃO” – Original de QUARESMA, DECIFRADOR
A conversa
entre os dois jovens fez-me perceber que tinha “viajado” até uma noite de S.
João no ano de 1961, ano em que deflagrou o conflito militar em Angola. O
calendário que estava na parede confirmou isso mesmo.
Na
realidade, a cidade do Porto já teve (ou tem) três santos padroeiros. Mas
nenhum deles é o S. João. Nas palavras do historiador Germano Silva, o S. João
é padroeiro da borga, do folguedo, mas não da cidade do Porto. Os três santos
padroeiros da cidade do Porto são (ou foram) S. Vicente, S. Pantaleão e Nossa
Senhora da Vandoma.
S. Vicente,
o mesmo santo que também é padroeiro da cidade de Lisboa, tal como Santo
António, foi considerado o padroeiro principal da cidade do Porto, entre 1025 e
1453. Conta uma história, não confirmada, em que o barco com as relíquias de S.
Vicente partira de Lisboa em direção à Galiza e ao passar ao largo do Porto,
por razões que se desconhecem, entrou na barra. Corria o ano de 1025. Desde aí,
S. Vicente ficou a ser padroeiro da cidade.
S. Pantaleão
era médico, arménio e foi, de facto, martirizado. Mas não pelos turcos aquando
da invasão da Arménia, em 1453, século XV. S. Pantaleão foi martirizado por
decapitação, por se recusar abjurar a sua fé, em Nicomédia, no ano de 303, por
ordem do imperador romano Maximiano.
De facto, um
grupo de cristãos meteu-se num barco e fugiu da Arménia, na altura da invasão
turca, com relíquias do corpo de S. Pantaleão. Vieram pelo mar, entraram no
Douro e aproaram em Miragaia e por lá ficaram (data desta altura a conhecida
rua Arménia). As relíquias foram recolhidas na Igreja Paroquial de Miragaia,
onde ficaram desde a chegada em 1453 até 1499, data em que foram trasladadas
para a Sé Catedral.
Miragaia,
era constituída na época por uma comunidade de pescadores, marinheiros,
calafates e carpinteiros, construtores de navios. Nesse ano de 1453, os
habitantes de Miragaia imploraram a proteção de S. Pantaleão para não serem
atingidos pela peste que invadia a cidade do Porto. O que é certo, é que a
peste não chegou a Miragaia, tendo isso sido atribuído a um milagre de S.
Pantaleão, que passou a ser padroeiro da cidade do Porto.
Nossa
Senhora da Vandoma foi, efetivamente, entronizada padroeira pelo Bispo do Porto
D. António Ferreira Gomes, no ano de 1954. Mas a devoção por esta santa terá
surgido por volta do ano 990, há mais de um milénio [ou há quase um milénio,
nas palavras proferidas em 1961]. É por isso mesmo que Nossa Senhora da Vandoma
ocupa um lugar privilegiado no coração do brasão da cidade do Porto.
Lembram-se
de vos ter dito que estava sentado no café, naquele dia do ano de 1961, e que
ao olhar para o exterior tive a certeza que continuava a ser uma noite de S.
João, pois as pessoas continuavam a desferir as bem conhecidas marteladas de S.
João? Pois é, isso é impossível, já que os martelinhos de S. João apenas foram
inventados em 1963.
Tudo começou
quando os estudantes pediram a Manuel António Boaventura, industrial de
plásticos do Porto, um brinquedo ruidoso para ser usado na Queima das Fitas. O
sucesso dos martelinhos foi tal que os comerciantes do Porto também quiseram
martelinhos para a Festa de S. João.
PARTE II – “ACONTECEU NA ENTRADA DO
CLUBE” – Original de QUARESMA, DECIFRADOR
A alínea
certa é a alínea A.
O meu amigo
precipitou-se já que depois de assistir ao que tinha acontecido com os três
indivíduos não era possível ter a certeza absoluta sobre como responder.
Havia uma
possibilidade que foi a utilizada por ele. Ele percebeu que as respostas dadas
a “8”, “24” e “14” foram “4”, “12” e “7”, ou seja, o número que correspondia a
metade dos números provenientes do interior do clube.
O que o meu
amigo não percebeu foi que havia uma outra possibilidade, ou seja, que depois
de se ouvir “oito”, “vinte e quatro” e “catorze”, as respostas tinham sido 4,
12 e 7, o que correspondia ao número de letras que formava cada um dos referidos
números.
Por isso, a
resposta que ele devia ter dado quando ouviu “30” (“trinta”) devia ter sido 6
(número de letras da palavra “trinta”).
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