ESPIÕES
EM GRANDE NÍVEL
Hoje
é o dia de publicarmos a parte II da prova n.º 7, dando continuidade às nossas
competições.
Como
sempre acontece com as segundas partes das provas, o problema é de escolha
múltipla, o que significa que é o ideal para quem está em gozo de férias, numa
praia ou no campo, sempre muito perto de água, como convém em tempo de calor
abrasador, porque a única “obrigação” é a de indicar qual a hipótese, de entre
as que são facultadas no final do problema, é a correcta.
O
desafio, que parece tratar de coisas de espionagem, afinal não passa de mais um
problema policial em que a argúcia e alguns conhecimentos darão todas as
respostas aos “detectives”.
Quanto
ao autor, trata-se de um misterioso anónimo, certamente também ele a
esconder-se nos meandros da espionagem… numa altura em que os candidatos a
novos produtores de enigmas policiários terão emigrado para parte incerta,
deixando o orientador deste espaço em apuros…
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2015
PROVA
N.º 7 – PARTE II
“UMA
HISTÓRIA DE ESPIONAGEM” – Original de “??”
Um
mundo quase tão rico como o dos pescadores e caçadores no que toca a histórias
e aldrabices, é o da espionagem. Não o da verdadeira espionagem, mas daqueles
espiões de pacotilha, que logo aparecem debaixo de cada pedra e em cada
esquina, depois de tudo passar, claro, que a espionagem é feita de secretismo…
Londres,
1944, noite escura, luzes apagadas que havia bombardeamentos à vista. Quatro
vultos sentados na penumbra, à luz mirrada de um pequeno foco pregado no tecto,
por cima de uma mesa escura, trocavam piropos e provocações, enquanto
prosseguiam uma animada partida de cartas. O maldito campeonato já durava há
vários meses e parecia que ia ter o seu epílogo nesse dia, quando um dos
contendores atingisse a sétima vitória.
John
aparentava ser o inglês típico, com dicção carregada, andara pela guerra, mas a
idade não perdoava e acabou por ter de recuar um bocado, para a trincheira da
espionagem, segundo afirmava e contava “só aos amigos mais íntimos”, porque
isto de ser espião tinha muito que se lhe dissesse! Faria tudo pelo sucesso da
sua pátria, incluindo a morte!
Jack
era irlandês e vivia há muitos anos em Londres, segundo dizia, mas nunca deixou
de ser um bom irlandês e um bom espião ao serviço da causa da Liberdade contra
os nazis. Não conseguira ir para a frente da batalha por causa de maleitas
antigas, mas arriscava a vida todos os dias nas suas tarefas heróicas da
espionagem. Um herói incógnito, como convinha!
Alex
era um escocês que bem poderia ser retirado da imagem de qualquer rótulo de
garrafa de whisky. Contava que a sua vida foi sempre ao serviço e muitas das
maiores façanhas da espionagem moderna tinham a sua marca. Nunca tentara
combater nas tropas porque a sua vida fora sempre mais para lutas discretas e
muito sensíveis e graças a si muitas vitórias tinham sido obtidas, a partir de
informações suas.
Finalmente
Eduard, um galês dos quatro costados, capaz de tudo pela sua terra, mas
sobretudo contra os nazis, que combateu até ser ferido, os outros dizem que se
foi ferido, foi só no orgulho, porque nunca pegou numa arma. Mas ele insistia
que sim e que depois se tornou espião, ao serviço de Sua Majestade.
Os
quatro espiões, como se fossem, cada qual à sua maneira, o James Bond, ali
estavam, a jogar às cartas uma supremacia que estava na cabeça de cada qual.
Ao
longe, ouviu-se o barulho de passos apressados e logo depois o ruído intenso de
uma porta arrombada, caindo em mil pedaços, dando passagem a um grupo de
militares armados.
Os
quatro puseram-se rapidamente em pé e, à voz de comando do oficial, elevaram os
braços em rendição:
-
Considerem-se detidos! – gritou.
-
Detido, eu? Um herói nacional e um fiel súbdito de Sua Majestade? - replicou
Eduard com a sua pronúncia característica. Eu, que já fui ferido em serviço!? E
com que acusação, posso saber?
-
Traição! É assim que tratamos os espiões! E pelo menos um de vós é espião!
Depois
de revistados, já sentados nos seus lugares, sob vigilância apertada, foram
falando:
-
Seguramente, não sou eu! Um ferido em combate, traidor? – insistiu Eduard cada
vez mais irritado.
-
Muito menos eu com a minha alma escocesa! Se há alguém que nunca se venderia,
esse alguém, sou eu! Quem é da terra do whisky, quem é? Traidor, jamais!
-
Não me digam que andei a jogar com um traidor! Não posso acreditar, todos se
armavam em heróis, mas o único aqui sou eu! – afirmou o Irlandês. Eu já
desconfiava de tanto heroísmo. Acho até que não há aqui um traidor, mas mais…
-
Eu sou bem inglês e ninguém me chama traidor, muito menos agora, que estava
prestes a ganhar este jogo e completar esta coisa que dura há tanto tempo! –
gritou, visivelmente irritado Jonh enquanto partia o bico do lápis de tanta
força fazer ao traçar o sete, completando o desenho do número. - De qualquer
das formas, ganhei, cambada de traidores, quem joga como eu merece ser campeão!
O
oficial elevou a voz e revelou:
-
Há aqui um traidor e ele é…
A- John
B- Jack
C- Alex
D- Eduard
E pronto!
Em
férias, ou ainda a trabalhar, todos os confrades e leitores são nossos
convidados para virem dizer de sua justiça, remetendo, impreterivelmente até ao
próximo dia 15 de Setembro, a letra correspondente à opção tomada, para o que
poderão usar um dos seguinte meios:
- Pelos Correios para Luís Pessoa, Estrada
Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
- Por e-mail para um dos endereços:
- Por entrega em mão ao orientador da
secção, onde quer que o encontrem.
É claro que por aqui ninguém impede os
confrades de escreverem o que quiserem e responderem como melhor aprouver, mas
a indicação explícita da letra por que optam é obrigatória para a obtenção da
pontuação máxima.
Depois, cada qual pode dar aso à sua
imaginação, aos seus dotes de escrita, sem qualquer restrição. Aqui nunca
houve, nem haverá, censura de qualquer espécie!
Boas deduções, com votos de excelentes
férias para quem as tem!
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