(Diário Popular #
5750 – 11.10.1958)
Depois
de examinar o cinzeiro; o revólver que disparara a bala mortífera; um telegrama
que continha apenas a palavra «Não», seguida pela letra «L», como assinatura; e
um jornal de dois dias antes, que estavam numa pequena mesa à entrada do
aposento, perto do cabide, o inspector Fauvel entrou na casa de jantar e olhou
demoradamente o corpo do actor dramático Jérome Thabouin, caído junto da
lareira. A bala tinha entrado pela fonte direita e fulminara-o…
O
inspector Fauvel voltou-se para o seu adjunto e pediu-lhe que fosse chamar a
governante que descobrira o cadáver. Entretanto, caminhava ao longo do aposento
e parava de vez em quando diante do cadáver. Curiosa, essa ferida na fonte…e as
duas unhas quebradas. E também, esse golpe profundo na base do auricular
esquerdo… Sim, tudo isso era curioso…
A
chegada da governante arrancou-o a essas reflexões.
«Queria
falar-me, inspector?»
O
polícia não havia sentido chegar a interessada, a quem se contentou em lançar
um rápido olhar.
«Tem
a certeza de não ter tocado nesta cadeira – perguntou-lhe, indicando com o dedo
uma cadeira junto da lareira – quando voltou do cinema e descobriu o cadáver?
-
Absoluta certeza, inspector.
-
E Maria, a criada, já voltou?
-
Não. Já devia cá estar pelo menos há trinta minutos.
-
É o seu dia de saída?
-
Não.
-
Ficaria surpreendida, antes deste drama, se soubesse que o senhor Thabouin
tinha ideias de se suicidar?
-
Sem dúvida. Não era uma pessoa que pensasse nisso.
-
Tenho a mesma opinião. É um crime.
Como é que o inspector Fauvel chegara a esta conclusão?
(Divulgaremos
amanhã, a solução oficial deste caso)
* *
* * *
Solução do problema
# 217
(Diário
Popular # 5744 – 04.10.1958)
O inspector Fauvel lembrou-se de que Jean Fradin tinha descoberto o
cão morto e que, de uma distância bastante grande, se havia apercebido de que o
animal fora estrangulado com a ajuda de um fino cordel. Ora, o «setter» é um
cão com pêlo comprido, tornando-se, portanto, impossível, a certa distância,
notar um cordel passado em volta do seu pescoço, sobretudo encontrando-se o
animal na posição em que estava o de Alfred Laurin.
Jarturice-218
(Divulgada em 07.Agosto.2015)
APRESENTAÇÃO E
DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt
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