quarta-feira, 5 de agosto de 2015

JARTURICE 216

        
             PROBLEMAS POLICIAIS – 219 - # 216
         (Diário Popular # 5737 – 27.09.1958)
                                                                                              
         Aquela dramática cena de ciúme tinha sido fulgurante. «Eu podia matar-vos aos dois». Dissera André Chellet, apontando o revólver a sua mulher e ao amante com quem a surpreendera ao entrar inopinadamente no seu apartamento. «Mas – acrescentava – farei melhor do que isso: o vosso inferno, conhecê-lo-eis na terra, uma vez que sereis obrigados a viver com o pêso de uma morte na consciência…»
         - Então – disse Josette Chellet, que explicava a cena ao inspector Fauvel – antes que eu pudesse fazer o menor gesto, André levou o revólver à têmpora e premiu o gatilho, caindo como uma massa, instantaneamente fulminado.
         O inspector debruçou-se sobre o cadáver ainda quente do brilhante decorador André Chellet. Depois, virou-se para o homem que permanecia ao lado da mulher da vítima. Tratava-se de um jovem que não atingira ainda trinta anos. Era alto e franzino e a palidez do seu rosto reflectia a intensa comoção porque ele passava.
         - O seu marido já alguma vez manifestara a intenção de se suicidar? – perguntou o inspector Josette.
         - Sim – respondeu ela – e tinha até ido mais longe: deixou expresso no seu testamento que eu não seria a herdeira dos seus bens senão com a condição de desposar Christian apenas seis meses após a sua morte. Além disso, em caso de divórcio, eu perderia o benefício da herança... Ele não sabia quanto eu e Christian nos amamos. Casei com André por imposição da minha família e o amor jamais nos uniu.
         O inspector Fauvel debruçou-se de novo sobre o corpo de André Chellet, caído de borco, voltou-o de costas e tirou do bolso do seu sobretudo um revólver no qual faltava somente uma bala.
         Depois, passeou o olhar pelo apartamento, acabando por perguntar a Josette Chellet:
         - Mas como estava a senhora ao corrente das disposições testamentárias de seu marido?
         - Ele tinha-me dito que se alguma vez o atraiçoasse não me perdoaria e deu-me conta das disposições que havia tomado…
         - De qualquer maneira – disse o inspector – não beneficiareis, nem um nem outro, desse testamento, porque ireis acabar os vossos dias na prisão… ou no cadafalso!
        
         Porque motivo proferiu o inspector Fauvel tais ameaças?...        
                                 
         (Divulgaremos amanhã, a solução oficial deste caso)


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Solução do problema #215  
(Diário Popular # 5730 – 20.09.1958)

Jules Nollet e Georges Viet declaravam ter deixado Robert Migrant a limpar a espingarda, na sala iluminada por um candeeiro a petróleo. No entanto, este, que o inspector Fauvel tinha encontrado apagado, continha ainda considerável reserva de carburante. Se os dois homens tinham falado verdade, e se Robert Migrant tinha morrido acidentalmente, o candeeiro teria continuado aceso até ao esgotamento de todo o petróleo. Por outro lado, como Robert Migrant não teria, certamente, podido limpar a arma às escuras, era indubitável que alguém mentia… Os dois homens tinham, portanto, matado Robert Migrant, cometendo, no entanto, o erro de apagar o candeeiro antes de se retirarem. 

 Jarturice-216 (Divulgada em 05.Agosto.2015)



APRESENTAÇÃO
E
DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
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