CONCURSO DE CONTOS MANUEL CONSTANTINO
{VENCEDOR.
AUTORIA: LUÍS PESSOA/INSPECTOR FIDALGO,
QUE ASSINOU O TRABALHO COMO "DÍADE"}
AUTORIA: LUÍS PESSOA/INSPECTOR FIDALGO,
QUE ASSINOU O TRABALHO COMO "DÍADE"}
“2”
Celso desceu a encosta num ápice,
gritando a plenos pulmões:
- Vem aí, vem aí…
Vários pares de olhos voltaram-se
para o caminho de terra batida que dava acesso ao largo, procurando vislumbrar
o visitante. Exclamações de espanto indiciavam que as visitas não eram
frequentes por aqueles lados.
No alto de um pequeno outeiro, em
frente, o varandim de uma casa de maiores dimensões reunia algumas figuras
femininas, que mediram de alto abaixo, o intruso.
Celso apresentava-se, pateticamente,
como se tivesse feito uma descoberta especial:
- Sou o Celso, chamo-me Celso. E
tu, és quem?
- Eduardo, mas todos me chamam
Edu.
As escassas dezenas de metros que
os separavam da grande casa, fizeram sentir a Edu que era ali que se centrava o
poder daquela comunidade, bem comprovado com o ar respeitoso e até temeroso com
que o Celso se dirigiu à mulher que vestia de branco, em tom baixo, tão baixo
que Edu não conseguiu entender do que falavam.
Celso aproximou-se e segredou-lhe:
- Vai lá, Cília vai receber-te.
Tem cuidado com a forma como falas, elas têm poder aqui…
- Entra Eduardo. Estás mudado,
muito mudado, mesmo…
Aquela voz… algo lhe fez
despertar memórias, de há muitos anos…
- Cília… o nome diz-me algo…
Cília… espera, serás a Cecília que eu conheci há anos, em casa do professor
Armando…
- Recordas-te! Eras ainda um
rapaz, bem espigadote, por sinal. Lembras-te de tudo o que passámos?
- Claro! Senti um desgosto
terrível quando percebi que não eras minha, que afinal tinhas outros e eu, na
minha inocência de adolescente, fiquei mesmo abalado.
- Ora essa! O Armando tinha a
mania do ensino, passava a vida a dar aulas e explicações, sobrava eu. Era
sempre eu que estava a mais…Mas gostava mesmo de ti e o que fizemos ficou nas
recordações. E quem recorda nunca está só.
- Pois, mas eu já fazia planos
para fugir contigo, para irmos para uma ilha deserta e coisas assim, de amor e
uma cabana e foi um choque quando naquela manhã estava à tua porta, à espera
que o professor Armando se afastasse para ir ter contigo e o que vi foi o Telmo
a entrar e tu a recebê-lo com aquele robe transparente que eu mais gostava de
ver em ti… Foi um choque…
- Águas passadas…
- Diz-me o que fazes aqui… Nem
sei onde estou, o meu carro avariou lá em cima, na estrada e fui andando,
andando, até encontrar o Celso, que me trouxe até aqui…
- Não interessa onde estás,
interessa que estás cá. Vem comigo…
Levou-o para um compartimento
amplo, com janelas rasgadas, de onde se vislumbrava uma aldeia calma, limpa e
ordenada. Sentou-se no sofá e convidou-o a fazer o mesmo, com um leve toque no
assento.
- Este é o meu mundo, agora. Descobri-o,
descobri-me e sinto-me feliz.
- És tu quem manda aqui?
- Não é propriamente mandar.
Temos uma comunidade que decidiu viver de forma diferente e todos os que cá
estão querem cá estar. Não há ninguém contrariado. Não temos dinheiro, não há
bens nem propriedades, cada um tem a sua habilidade, faz o que sabe fazer e
cede aos outros o que eles precisam, recebendo deles o que precisa. Estamos
todos felizes, assim…
- Parece o paraíso…
- Nem tudo é o que parece… há
carências.
- De quê, por exemplo?
- De crianças, da sua animação e
irreverência, sabes, sempre estive muito rodeada de crianças e jovens, alunos
do meu marido, entendes? Animais, que não temos… sinto falta de um cão ou de um
gato…
Cília remexeu-se no sofá, fazendo
a saia subir, deixando ver as pernas bem torneadas, já suas conhecidas,
despertando nele um desejo esquecido… Avançou com a mão, percorrendo lentamente
a pele suave e quente…
- Chega! - quase gritou Cília. -
Aqui são as mulheres que mandam, também no amor e no sexo. Nenhum homem pode
fazer o que fizeste!
- Queres dizer que só quando uma
mulher manda é que um homem…
- Assim é, de facto. Mas não
podias saber… Vem, Edu… Não sei o que queres fazer, se queres ficar ou partir,
se tens alguém à tua espera, algures… Se ficares, construiremos uma casa para
ti, para já podes ficar com o Celso, que te ajudará no que precisares.
Naquela noite, Edu não conseguiu
dormir, por mais que tentasse. Não conseguia saber onde estava nem o que fazia
ali. E o misterioso encontro com Cília… Tinha ideia de ter sabido da sua morte,
mas afinal… E ele acabara com Vera, depois de alguns anos de bom
relacionamento… Era tudo muito confuso e pareciam coincidências a mais. Até a
forma como ali foi parar.
Mas foi magnífico estar com a
Cília…
A manhã despertou fresca, de uma
frescura adocicada, quase primaveril. Edu seguiu o ruído e o odor que se
espalhavam pelo ar e deu com o Celso a remexer vigorosamente um panelão escuro,
onde borbulhava um líquido viscoso e esverdeado. Não deixou de pensar na poção
mágica de Asterix…
- Bom dia! – Saudou Celso pondo o
melhor sorriso.
- Bom dia. Que é que estás a
fazer?
- Segredo… Não é segredo, estou só
a brincar contigo! Testo uma nova combinação de plantas. Sabes, tenho um laboratório
e fiz uma descoberta que vai dar estrondo!
- Explosiva?
- Não, em sentido figurado. Vai
dar brado. Vou dizer-te, mas não contes a ninguém: encontrei uma fórmula que
vou começar a dar aos meus pais. Quero que sejam os primeiros a ganhar com ela.
Depois conto-te e também vais poder tomá-la, se quiseres!
Edu foi dar uma volta pelas
imediações. Precisava de assentar as ideias e pensar o que ia fazer no futuro
próximo. Redescobrira Cília, deixara para trás a vida em derrocada que levava
desde a separação, parecia estar numa espécie de paraíso, não havia mais
prestações para pagar, contas e mais contas… Não sabia em que pensar,
verdadeiramente.
As pessoas com quem se cruzava eram
simpáticas e amigáveis, todas tinham uma palavra para ele. Um era pintor, outro
carpinteiro, construtor, ou qualquer outra coisa e todos fizeram oferecimentos.
Só ele nada tinha para oferecer. Podia dizer “sou polícia”, mas isso servia
para quê e para quem, numa comunidade em que não havia crimes nem infracções,
em que as pessoas partilhavam as suas competências e o produto da sua labuta,
sem qualquer interesse, sem outra paga que não fosse receber de todos os outros
aquilo que eles faziam e produziam. Tudo tão linear e simples que até parecia
impossível.
Se ficasse, se decidisse dar esse
passo, tinha de encontrar uma nova vocação, um novo interesse que pudesse
partilhar! E um local para construir o seu mundo.
Durante quase todo o dia
percorreu as cercanias e inteirou-se dos locais onde poderia vir a instalar-se,
sem colidir com os interesses de alguém, nem destruir o equilíbrio natural,
vindo a encontrar um terreno belíssimo, junto a um lago de água límpida,
ladeado de árvores frondosas.
Vinha maravilhado com a sua
descoberta, quando começou a ouvir sons de vozes alvoraçadas, que deram lugar a
uma aglomeração de pessoas, em torno de alguém que jazia, no meio do caminho.
Aproximou-se, deixando o seu
instinto de polícia manifestar-se. Só podia ser um acidente, pensava, mas que
tipo de acidente?
Notou que as pessoas se calaram
repentinamente, com a sua chegada e afastaram-se, desconfiadas.
Pensou ser natural, ele era um
estranho para eles, apesar de tudo.
Olhou em redor e aproximou-se.
Era o Celso e tinha um orifício na camisa, mais ou menos a meio das costas. Não
havia qualquer vestígio de sangue, mas ao afastar a camisa, verificou uma
penetração profunda, semelhante à de um projéctil.
Cília chegou, entretanto, nem
acreditando naquilo que lhe contaram, de que alguém poderia ter cometido um
atentado, na sua terra! Todos se afastaram, respeitosos, enquanto questionou
Edu:
- Que se passou? Diz-me! Nunca
houve tal coisa por aqui. Foste tu?
- Eu? Como podes pensar isso? Ao
Celso, que foi a primeira pessoa que vi aqui e em casa de quem estou?
- Sei lá, só tu vieste
recentemente e ficas a saber que ordenei uma busca às tuas coisas. Há lá uma
arma. E isto parece ser obra de um tiro, que queres que pense?
- Não fui eu, Cília, juro-te que
não fui eu. Nem estive em casa, venho do outro lado. Tens por cá um assassino à
solta…
- Assassino, aqui? Impossível! Ainda
és polícia, não és? Vê se descobres o que se passou…
- Espera, tenho uma série de
perguntas a fazer, não é assim tão fácil descobrir alguém num sítio que não se
conhece. Há muitas coisas que preciso saber… Não sei onde estou, as pessoas não
deitam sangue quando são feridas, não há crianças nem animais, não percebo, já
é quase noite e ninguém faz comida, não vejo ninguém comer, mesmo eu não
consigo ter fome, as casas não têm cozinha nem sanitários, bolas, o que se
passa, onde estou?
- Mais logo, à tardinha, vai ter
comigo a minha casa…
Edu tinha na cabeça um turbilhão
de questões e dúvidas, que quase não o deixavam respirar. Sentia-se asfixiado,
entre o amor redescoberto e um mundo que parecia irreal. Ia encontrar-se com
Cília e esperava obter resposta para os novos enigmas que surgiam a cada
momento.
Verificou que havia um grande
movimento e que quase todos os homens da terra estavam por ali, juntando-se às
mulheres que viviam na casa ampla e comunitária. Cília chamou-o à parte e foram
para a sala principal, apenas os dois, como namorados furtivos.
- Não entendes o que se passa?
- Não, confesso que não.
- Olha, esta comunidade é
controlada pelas mulheres com idade fértil, que vivem em comunidade nesta casa
maior. São elas que chamam os homens que desejam, na altura que pretendem e é
aqui que se relacionam. Nenhuma mulher pode ir à casa de um homem, nem
relacionar-se lá fora. Assim conseguimos regular completamente a natalidade,
para que nunca haja filhos…
- Não entendo! Qual é o problema?
- É assim…
- Então, todos os homens vivem lá
para baixo, em casas próprias e as mulheres, todas, vivem aqui, é isso?
- Sim.
- E encontros, só aqui e a pedido
das mulheres?
- Só.
- Mas eu vi casais a viverem no
vale que leva ao lago, não pertencem a esta comunidade?
- Pertencem, mas são já casais em
idade infértil, são idosos. Quando envelhecemos, chamamos o nosso homem
favorito e vamos com ele para uma dessas casas, até chegar a hora de darmos
lugar a outros.
- Estranho, mas o Celso falou-me
dos pais… Estava a mentir?
- Não. As regras nem sempre foram
estas e na altura em que o Celso nasceu, havia envolvimentos que davam filhos e
estes nasciam, mas isso foi há muito tempo, antes de nos mudarmos todas para
esta casa.
- Então os pais do Celso estão
vivos e moram cá?
- Sim.
- As pessoas aqui não comem, não
precisam?
- Estás com fome?
- Não.
- Comeste alguma coisa desde que
chegaste?
- Não, por isso acho estranho…
- Aí tens a tua resposta. Se não
sentes fome e não precisas de comer, não comes.
- Só isso?
- Só.
- E o Celso? Notei que não
estranhaste a morte dele.
- Eu sabia que o Celso ia morrer!
- O quê? És alguma espécie de
bruxa? E não fizeste nada para o impedir?
- Nada podia ser feito. Nós
sabemos que quando aparece alguém do exterior, no máximo dois dias depois morre
a primeira pessoa com quem ele fala… A nossa população é exactamente de 222
pessoas e só por 2 dias é tolerado o aumento de uma unidade. Sempre assim foi e
sempre continuará a ser. Quando chegaste e lhe falaste o Celso já estava
condenado, embora não soubesse! Recompensei-o como pude, esteve comigo esta
manhã, dei-lhe a felicidade que consegui.
- Tu… Tu estiveste com ele? Como
foste capaz depois do amor que fizemos…
- Continuas a não entender? Aqui
não há exclusivos. Apenas eu e as outras mulheres podemos escolher com quem queremos
estar, quando e como. Nada de ciúmes, Edu! Aqui és um capricho meu ou de
qualquer outra mulher, lembra-te disso. Se eu quiser e me apetecer, chamo agora
mesmo outro homem e na tua frente faço com ele o que me agradar, entendes? São
essas as regras.
- Desculpa!
- Deixa, anda cá…
Na manhã seguinte, Edu partiu à
procura dos pais de Celso, acreditando poder obter alguma explicação para a sua
morte. Continuava a não perceber como aconteceu, se não havia armas de fogo na
aldeia, excepto a sua que, confirmou, não foi usada, nem tinha o mesmo calibre.
Então, alguém mais tinha poder de fogo e, embora existisse uma “regra”, que
ditava que ele tinha de morrer em dois dias, não deixava de ser obrigatório
haver alguém a premir o gatilho… À primeira vista, não havia motivos, disputas,
propriedades, ciúmes…
Conseguira recuperar a munição do
corpo de Celso e verificara, à vista desarmada, que era de 9mm, de uma arma de
guerra.
Edu nem apreciava a paisagem que
se ia abrindo aos seus olhos, ocupado que estava com os seus pensamentos.
Parecia ter entrado numa nova dimensão e tudo lhe parecia diferente e inviável.
Chegou à casa que lhe fora
assinalada como residência dos pais de Celso. Esperou um pouco à porta,
recuperando o fôlego da caminhada, procurando com o olhar a presença de alguém.
Notou que havia no parapeito da janela uma garrafa com um líquido esverdeado,
que ia jurar ser o mesmo que viu Celso mexer e remexer no panelão.
Retirou a rolha, sentindo de
imediato o mesmo odor. Era certamente o mesmo produto.
Resolveu chamar por alguém,
primeiro batendo à porta, depois elevando a voz para atrair a atenção.
Em vão.
Com cautela, rodou a maçaneta da
porta e esta abriu-se. Repetiu o chamamento, mas ninguém apareceu. Foi
entrando.
A casa era rústica, relativamente
pequena, mas agradável à vista. Podia viver numa assim, pensou.
Numa estante havia alguns livros
e pequenas figuras talhadas em madeira, entre as quais vislumbrou um objecto
diferente: uma pistola de guerra, das usadas pelo exército alemão durante a II
Guerra Mundial, de calibre 9 mm.
Edu pegou nela, com cuidado,
usando um estilete que encontrou por ali, introduzindo-o no cano. Verificou de
imediato que fora usada recentemente.
Ouviu barulho nas traseiras e
retrocedeu, saindo pela mesma porta por onde entrara, torneando a casa, com
cuidado para não fazer qualquer ruído. Na esquina, espreitou, sendo
surpreendido por uma cena inesperada, de um casal de idosos, sentado num banco
corrido, de mãos dadas, falando calmamente, enquanto o homem preparava uma
bebida. Ouviu claramente referir-se a veneno e percebeu que estavam a preparar
a sua própria morte.
Resolveu mostrar-se:
- Bons dias! – saudou,
aparentando descontracção.
- Hem!... Bom dia! - conseguiu
articular o homem, pondo-se de pé.
- São os pais do Celso, não é
verdade? Desculpem vir perturbá-los neste mau momento, mas acho que vos devo
uma palavra, porque eu partilhei a casa do vosso filho na noite em que cheguei.
- Sim, nós soubemos, o nosso
filho contou-nos.
- Reparei que têm uma garrafa da
poção que ele fez para vocês. Já a experimentaram?
- Ora, para que havemos de estar
a fingir e a esconder coisas? O nosso filho morreu e nós os dois não estamos cá
a fazer nada há muito, portanto decidimos pôr fim a esta vida, ao contrário do
que queria o nosso filho.
- Não entendo, ele não queria o
quê?
- O nosso filho era um cientista
e andava sempre a fabricar engenhocas e xaropes para isto e para aquilo. E
desta vez veio dizer-nos que encontrou um remédio milagroso para a
imortalidade! Queria que o tomássemos para não morrermos nunca, porque não
podia viver sem nós, dizia! Nós tomávamos, ele tomava, mais umas tantas pessoas
que ele quisesse e todos ficávamos cá para sempre…
- Aquele xarope verde?
- Sim. E queria que o bebêssemos!
- E beberam?
- Não. Ele ultimamente tornou-se
bravo, violento, ele que nunca foi assim, chegou a bater na própria mãe porque
queria dar-nos a imortalidade, quando já estávamos fartos e com medo dele. Dissemos-lhe,
mas nada, esbofeteou a mãe e tentou agredir-me. Aqui não pode haver violência, aquilo
era causado pelas coisas que ele respirava nas experiências, de certeza. Acabou
por deixar o xarope mas disse que vinha cá depois e que quando viesse nos
obrigava a beber, a bem ou a mal… Nem pensei mais, fui buscar a pistola antiga
que tenho aí, dos tempos em que andei na guerra e fui atrás dele… Isto estava
um inferno, era o inferno!
- Entendo.
- Não devia ter feito isso ao meu
próprio filho, não queria mesmo, mas bater na mãe? Ele ia voltar, voltava
sempre…
- Custa a acreditar! O Celso,
violento? Sempre tão amoroso…
- Cília, deixa-te dessas coisas,
sabes que não gosto…
- Ora, só faltava o ciumento outra
vez. Lembra-te que não sou tua, percebes? Bem, mas conseguiste evitar que os
velhotes se matassem, pelo menos isso. Coitados. Mas o velhote mostrou amor
pela mulher, matou o próprio filho para a proteger!
- Também eu faria o mesmo por ti
e não é de agora, tu sabes bem…
- Ora, ora.
- E parece que salvei a população
de ficar sem o número mágico, sempre em “2”!
- Sim, mas ninguém tem de saber,
guarda segredo. E logo vem ter comigo, que agora tenho de preparar apoio para
os velhotes do Celso.
Edu decidiu ir até ao lago que
vira quando chegou e onde pensou construir a sua nova casa, uma casa onde
imaginava poder viver com a Cília, embora soubesse que isso nunca passaria de
sonho, pelo menos até à velhice. Ela fora directa, não era e pelos vistos não
poderia ser, mulher de um homem só e continuaria a usar cada homem como bem lhe
apetecesse. Ainda assim, ele aceitaria viver com ela, mesmo partilhando-a com
todos os homens da aldeia. Sentia que a amava cada vez mais e até era capaz de
tudo para lutar por ela.
Já na beira do lago, imaginava-a
nos seus braços…
De olhos cerrados, sonhando que
dançava uma valsa com a amada, só à segunda ou terceira percebeu que alguém
falava consigo:
- Desculpe, o senhor é destes
lados? Estou perdido e não sei como vim aqui parar…
2 comentários:
Muito bom com um fim tremendo. Muito bom mesmo, parabéns
Jo.com
Gostei é um texto com muita força e com uma nova ordem de sociedade sem dinheiro e sem vaidades de profissões. O fim é imprevisto e muito bom. É o melhor conto, parabéns ao Luís Pessoa
Deco
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