domingo, 4 de janeiro de 2015

JARTURICE 003

  
     
                                                                                                



 PROBLEMAS POLICIAIS #003
 (Diário Popular # 4007 – 28.11.1953)
     
             - Como sabe que isto pertence à senhora Brentwood? – perguntou Fordney pegando num revólver de calibre 32 que se encontrava em cima do toucador.
         - Por causa dessa mancha, aí na coronha – respondeu a criada da jovem e rica viúva, uma mulata de olhos astuciosos chamada Mitzi Zaruba.
         - Viu muitas vezes esta arma?
         - Claro que sim. Vivíamos sòzinhas.
         - Esteve alguém de visita a esta casa, a noite passada?
         - Sim, mas não sei quem foi. Quando me preparava para subir ao meu quarto – sei que eram dez e meia porque olhei para o relógio da escada – ouvi tocar a campainha. A senhora disse-me que iria abrir a porta. Antes de chegar ao meu quarto, ouvi uma voz de homem que sussurrava um cumprimento muito terno. Depois ele e a senhora foram para a sala de estar e nada mais ouvi. Só soube que a senhora se tinha suicidado quando esta manhã, às 9 horas, me preparava para a acordar.
         - Ouviu o tiro?
         - Não, não ouvi tiro algum.
         - Tocou em alguma coisa das que se encontram neste quarto? – inquiriu o professor ao mesmo tempo que lançava novo olhar ao toucador e, dirigindo-se para a cama, voltava a olhar a ferida existente na têmpora esquerda da senhora Brentwood, evidentemente causada por uma bala de revólver.
         - Não toquei em coisa alguma – respondeu a criada.
         - A senhora Brentwood era canhota?
         - Era, sim senhor.
         Fordney olhou para o seu relógio de pulso. Eram 9 horas e 10 minutos da manhã. A senhora Brentwood devia estar morta há cerca de dez horas.
         Ao descer a escada de acesso ao andar inferior, o criminologista olhou para o relógio suspenso da parede e voltou a consultar o seu relógio. Mitzi olhou para Fordney.
         - Há alguma coisa de extraordinário? – perguntou a criada.
         - Sim… A sua patroa não se suicidou: Foi assassinada!
         Que facto levou o professor a tal conclusão?
                            (Divulgaremos amanhã a solução oficial)
                *   *   *   *   *
Solução do problema # 002
(Diário Popular # 4000 – 21.11.1953)


       Quando Fordney descobriu a lata de tabaco caída junto da casa, com o seu rótulo intacto, compreendeu logo que Tenbro a tinha atirado para ali quando o incêndio já se achava extinto, isto a despeito de Tenbro ter declarado que não se havia aproximado do local depois do fogo e antes da chegada do professor. Se a lata já lá estivesse quando o fogo irrompera, o rótulo de papel teria ardido; por outro lado, Tenbro não poderia ter-se aproximado muito da casa durante o incêndio. Aquela lata de tabaco foi a prova decisiva que levou à condenação de Tenbro por haver cometido o crime de fogo posto.  


ESCREVE: JARTUR
jarturmamede@aeiou.pt


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