PROBLEMAS POLICIAIS #003
(Diário Popular #
4007 – 28.11.1953)
-
Por causa dessa mancha, aí na coronha – respondeu a criada da jovem e rica
viúva, uma mulata de olhos astuciosos chamada Mitzi Zaruba.
-
Viu muitas vezes esta arma?
-
Claro que sim. Vivíamos sòzinhas.
-
Esteve alguém de visita a esta casa, a noite passada?
-
Sim, mas não sei quem foi. Quando me preparava para subir ao meu quarto – sei
que eram dez e meia porque olhei para o relógio da escada – ouvi tocar a
campainha. A senhora disse-me que iria abrir a porta. Antes de chegar ao meu
quarto, ouvi uma voz de homem que sussurrava um cumprimento muito terno. Depois
ele e a senhora foram para a sala de estar e nada mais ouvi. Só soube que a
senhora se tinha suicidado quando esta manhã, às 9 horas, me preparava para a
acordar.
-
Ouviu o tiro?
-
Não, não ouvi tiro algum.
-
Tocou em alguma coisa das que se encontram neste quarto? – inquiriu o professor
ao mesmo tempo que lançava novo olhar ao toucador e, dirigindo-se para a cama,
voltava a olhar a ferida existente na têmpora esquerda da senhora Brentwood,
evidentemente causada por uma bala de revólver.
-
Não toquei em coisa alguma – respondeu a criada.
-
A senhora Brentwood era canhota?
-
Era, sim senhor.
Fordney
olhou para o seu relógio de pulso. Eram 9 horas e 10 minutos da manhã. A
senhora Brentwood devia estar morta há cerca de dez horas.
Ao
descer a escada de acesso ao andar inferior, o criminologista olhou para o
relógio suspenso da parede e voltou a consultar o seu relógio. Mitzi olhou para
Fordney.
-
Há alguma coisa de extraordinário? – perguntou a criada.
-
Sim… A sua patroa não se suicidou: Foi assassinada!
Que
facto levou o professor a tal conclusão?
(Divulgaremos amanhã a solução oficial)
* *
* * *
Solução do problema # 002
(Diário Popular # 4000 – 21.11.1953)
Quando Fordney descobriu a lata de tabaco
caída junto da casa, com o seu rótulo intacto, compreendeu logo que Tenbro a
tinha atirado para ali quando o incêndio já se achava extinto, isto a despeito
de Tenbro ter declarado que não se havia aproximado do local depois do fogo e
antes da chegada do professor. Se a lata já lá estivesse quando o fogo
irrompera, o rótulo de papel teria ardido; por outro lado, Tenbro não poderia
ter-se aproximado muito da casa durante o incêndio. Aquela lata de tabaco foi a
prova decisiva que levou à condenação de Tenbro por haver cometido o crime de
fogo posto.
ESCREVE: JARTUR
jarturmamede@aeiou.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário