PROBLEMAS POLICIAIS – 23 - # 020
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4129 – 03.04.1954
Anthony
Lane encolheu os ombros, num gesto de abatimento.
-
É verdade que pratiquei o roubo de que o chantagista me acusa – mas isso foi há
já vinte e cinco anos. Depois disso, não só paguei todo o dinheiro roubado,
como me regenerei. Vim para este estado e comecei vida nova. À custa de muito
trabalho, consegui juntar uns milhares de dólares e alcançar posição de
destaque no meu grémio. Gostaria de conseguir um lugar no Senado mas se o meu
pecado velho for revelado, está arruinada a minha carreira política. O
chantagista sabe-o bem e por isso não cessa de me perseguir. Quer fazer o favor
de me ajudar, Professor Fordney?
-
Pode mostrar-me as cartas que recebeu do chantagista? – perguntou o Professor.
-
Com certeza. – respondeu Lane.
Foi
buscar as cartas e entregou-as ao Professor que as examinou atentamente,
notando que haviam sido escritas por um homem quase analfabeto. A escrita era
tortuosa, letras de mau traço e a ortografia deplorável. A última carta do
chantagista era assim concebida:
Lane:
Trata de arrangar mais vinte mile
dólares, inté cuartafeira que vem.
Senão…
E, se tems o discaramento de te
apreçentares às ileissões pró Çenado, toda a gente ficará a çaber o gatuno que
tu és!
Atenciosamente,
SABICHÃO»
Três
dias depois, o «Sabichão», aliás o cadastrado Ed Morrel, caía nas mãos de
Fordney.
O
criminologista recostou-se na sua cadeira e disse:
-
Depois de compararmos a letra que está na tua ficha com a destas cartas de
chantagem, ficou provado que foste tu quem as escreveu. Que dizes a isto? – O
outro tomou um ar de desafio.
- Fui eu que escrevi essas cartas, sim!
E depois? Que mal há nisso? Estamos num país livre, não estamos? Não quero que
um velho gatuno me represent5e no Senado e acho que tenho o direito de lhe
dizer. Há alguma lei que mo proíba? Quanto ao pedido da «massa» também não é
crime dizer a um «tipo» que «escorra» com vinte mil dólares. Eu nas cartas não
faço ameaça nenhuma. Se ele me quiser dar as «coroas», ninguém tem nada com
isso. É comigo e com ele. Não é assim?
Fordney não respondeu. Limitou-se a
perguntar:
- Quem é o teu
cúmplice, Morrel?
- Eu cá não
tenho cúmplices! Este negócio é só meu.
- Estás a
mentir! – afirmou o Professor – Foste tu quem escreveu estas cartas, mas
copiaste-as. Quem é que te deu o rascunho?
Porque razão
afirmava Fordney que Morrel tinha um cúmplice?
(Divulgaremos amanhã,
a solução oficial deste caso)
Solução do problema # 019
(Diário Popular # 4122 – 27.03.1954)
Fordney
encontrara sem um só vinco a carta que o secretário dizia ter aberto e levado
ao patrão. Ora, como o papel era de 7,5 por 11 polegadas , Fordney
compreendeu que, se tivesse chegado pelo correio, viria fatalmente dobrada.
APRESENTA
E
DIVULGA: JARTUR
(jarturmamede@aeiou.pt)
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