quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

JARTURICE 020

         
                PROBLEMAS POLICIAIS – 23 - # 020

               
                                                                        
 # 4129 – 03.04.1954

        

        - Compreendo agora, Professor, que fiz mal em pagar o dinheiro pedido nas duas primeiras cartas que o chantagista me enviou. Mas a verdade é que se o não tivesse pago…
         Anthony Lane encolheu os ombros, num gesto de abatimento.
         - É verdade que pratiquei o roubo de que o chantagista me acusa – mas isso foi há já vinte e cinco anos. Depois disso, não só paguei todo o dinheiro roubado, como me regenerei. Vim para este estado e comecei vida nova. À custa de muito trabalho, consegui juntar uns milhares de dólares e alcançar posição de destaque no meu grémio. Gostaria de conseguir um lugar no Senado mas se o meu pecado velho for revelado, está arruinada a minha carreira política. O chantagista sabe-o bem e por isso não cessa de me perseguir. Quer fazer o favor de me ajudar, Professor Fordney? 
         - Pode mostrar-me as cartas que recebeu do chantagista? – perguntou  o Professor.
         - Com certeza. – respondeu Lane.
         Foi buscar as cartas e entregou-as ao Professor que as examinou atentamente, notando que haviam sido escritas por um homem quase analfabeto. A escrita era tortuosa, letras de mau traço e a ortografia deplorável. A última carta do chantagista era assim concebida:
         Lane:
         Trata de arrangar mais vinte mile dólares, inté cuartafeira que vem.
         Senão…
         E, se tems o discaramento de te apreçentares às ileissões pró Çenado, toda a gente ficará a çaber o gatuno que tu és!
                                                                           Atenciosamente,
                                                                           SABICHÃO»

         Três dias depois, o «Sabichão», aliás o cadastrado Ed Morrel, caía nas mãos de Fordney.
         O criminologista recostou-se na sua cadeira e disse:
         - Depois de compararmos a letra que está na tua ficha com a destas cartas de chantagem, ficou provado que foste tu quem as escreveu. Que dizes a isto? – O outro tomou um ar de desafio.
- Fui eu que escrevi essas cartas, sim! E depois? Que mal há nisso? Estamos num país livre, não estamos? Não quero que um velho gatuno me represent5e no Senado e acho que tenho o direito de lhe dizer. Há alguma lei que mo proíba? Quanto ao pedido da «massa» também não é crime dizer a um «tipo» que «escorra» com vinte mil dólares. Eu nas cartas não faço ameaça nenhuma. Se ele me quiser dar as «coroas», ninguém tem nada com isso. É comigo e com ele. Não é assim?
Fordney não respondeu. Limitou-se a perguntar:
- Quem é o teu cúmplice, Morrel?
- Eu cá não tenho cúmplices! Este negócio é só meu.
- Estás a mentir! – afirmou o Professor – Foste tu quem escreveu estas cartas, mas copiaste-as. Quem é que te deu o rascunho?  

Porque razão afirmava Fordney que Morrel tinha um cúmplice? 

   (Divulgaremos amanhã, a solução oficial deste caso)

* * *


Solução do problema # 019
(Diário Popular # 4122 – 27.03.1954)

                 Fordney encontrara sem um só vinco a carta que o secretário dizia ter aberto e levado ao patrão. Ora, como o papel era de 7,5 por 11 polegadas, Fordney compreendeu que, se tivesse chegado pelo correio, viria fatalmente dobrada.

  Jarturice-020 (Divulgada em 21.Janeiro.2015)



APRESENTA
E
DIVULGA: JARTUR
(jarturmamede@aeiou.pt)

Sem comentários: